terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Hepatite e Malária em Oriximiná – 1979


Mais de 500 famílias residentes nos rios Cuminá, Irepecu, Acapu e rio Ariramba estão extremamente preocupados com os altos índices de casos de malária e hepatite ocorridos ali.
Na quinta-feira passada, um grupo de cinco moradores daquelas localidades, liderados por Daniel de Sousa Oliveira, casado e pai de quatro filhos, chegou a Oriximiná tentando contato com o prefeito e autoridades sanitárias locais pedindo socorro para conter os males que já mataram entre 28 e 30 pessoas.

Daniel falando à reportagem do “BAIXO AMAZONAS” disse que diariamente são registrados óbitos, principalmente das crianças. Ele reclamou da falta de apoio das autoridades de Oriximiná de deficiência de médicos naquele município, afirmando mesmo que “naquelas localidades nós não temos ninguém para olhar para nós e por isso nossos irmãos estão morrendo”. Mais adiante, Daniel, cabisbaixo e muito triste, pediu “pelo Amor de Deus que as autoridades tomem as devidas providencias para mandar médicos de capacidade que possam conter essas doenças que estão acabando com o nosso povo que outrora era muito feliz”.
O inspetor geral da SUCAM, José Arnaldo, declarou que aquela entidade já tomou conhecimento do fato e está enviando uma lancha com uma equipe liderada pelo inspetor João Antônio do Nascimento, que vai verificar in loco que realmente está acontecendo. Arnaldo disse que a maior incidência de malária naqueles locais, nesta época do ano, é provocada pelo deslocamento de pessoal que trabalha na colheita de castanha no interior da floresta, nos grandes castanhais onde há abundância de mosquito transmissor da febre palustre.
João Antônio vai com autorização de tomar todas as providências possíveis e medicar o pessoal que está com malária. Ele terá a missão de fazer deslocamento de 2 turmas de guardas-malária que estão no rio Trombetas para as áreas atingidas, a fim de iniciarem uma nova campanha de borrifação das casas e medicação dos doentes. 
O diretor do Hospital da Fundação SESP em Santarém, doutor Carlos Furtado, disse que Oriximiná possui uma unidade sanitária que já deve ter tomado conhecimento da situação e entrado em ação. O Doutor Carlos declarou também que o órgão de Santarém está inteira disposição para dar um apoio em tudo o que for necessário para o controle imediato tanto da hepatite como da malária.

NOTA: Publicado no Jornal do Baixo Amazonas de 07 de abril de 1979.

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