Magnífico espetáculo ofereceu-nos sábado a
companhia de J. Vianna, com a opereta em três atos: “Os Dragões no Convento”.
Das representações que tem levado, esta foi a
melhor, não só pelo desenvolvimento do enredo, como pelo desempenho dos papéis.
A letra da peça abunda em situações, lances e qui-pro-quos [sic] interessantes.
A cena passa-se em Portugal, sendo o primeiro ato
na cidade de Chaves, o segundo e o terceiro, no Convento da Encarnação, em
Monte Alegre.
O enredo é mais ou menos o seguinte: Dois oficiais
do Rei apaixonaram-se loucamente por duas educandas, filhas do corregedor da
cidade. Eram correspondidos, mas não podiam falar com as moças, porque as
pessoas profanas não tinham entrada no Convento.
Encontraram-se, porém, casualmente, na estalagem
dos Dragões, com Frei Ganimedes, guardião do Convento. Expuseram-lhe as suas
intenções e pediram que obtivesse do Corregedor o consentimento para esposarem
as suas filhas.
O Guardião a princípio opôs relutância, mas depois
teve que aceder, sob a ameaça que fizeram de queimá-lo.
Frei Ganimedes nada conseguiu do Corregedor porque
este tinha destinado as suas filhas à vida monástica.
Os oficiais, sabendo da resolução do Corregedor,
resolveram entrar no Convento disfarçados de frades, para raptarem as
namoradas.
De acordo com o Guardião conseguiram o que
desejavam.
Quando, porém, iam por em prática o plano que
traçaram, foram descobertos pela madre Abadessa.
Afinal, os
oficiais acabaram obtendo o consentimento do Corregedor.
Os artistas trabalharam com gosto. O desempenho da
opereta esteve magnífico. J. Vianna deu-nos um esplêndido e rotundo frade com
todas as suas manhas e malícias; Cezar Santos, um correto oficial, e um
excelente frade disfarçado; Soldá portou-se bem na parte que lhe tocou, apesar
de ser secundária; Júlio Souza interpretou otimamente o papel de Corregedor;
Carlota Santos e Julieta Vianna, deram-nos duas perfeitas educandas, com toda
aquela ingenuidade aparente, aquele recolhimento e medo que as caracterizam;
Maria de Souza, uma abadessa às direitas; os outros artistas andaram
regularmente.
A música andou bem, e se não esteve melhor, o
regente que agradeça a brincadeira sem gosto do ponto que, por duas vezes, o
avisou erradamente.
O Espetáculo de Domingo foi oferecido ao povo em
recita extraordinária, com abatimento de preços.
As peças levadas à cena foram: As Rosas de Nossa Senhora e A Herança do Tio Barnabé.
NOTA:
Publicada no jornal O Pharol, de 07 de março de 1912.
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