sexta-feira, 29 de julho de 2016

A Companhia de J. Vianna no Theatro Victoria em Santarém – 1912

Magnífico espetáculo ofereceu-nos sábado a companhia de J. Vianna, com a opereta em três atos: “Os Dragões no Convento”.
Das representações que tem levado, esta foi a melhor, não só pelo desenvolvimento do enredo, como pelo desempenho dos papéis. A letra da peça abunda em situações, lances e qui-pro-quos [sic] interessantes.

A cena passa-se em Portugal, sendo o primeiro ato na cidade de Chaves, o segundo e o terceiro, no Convento da Encarnação, em Monte Alegre.
O enredo é mais ou menos o seguinte: Dois oficiais do Rei apaixonaram-se loucamente por duas educandas, filhas do corregedor da cidade. Eram correspondidos, mas não podiam falar com as moças, porque as pessoas profanas não tinham entrada no Convento.
Encontraram-se, porém, casualmente, na estalagem dos Dragões, com Frei Ganimedes, guardião do Convento. Expuseram-lhe as suas intenções e pediram que obtivesse do Corregedor o consentimento para esposarem as suas filhas.
O Guardião a princípio opôs relutância, mas depois teve que aceder, sob a ameaça que fizeram de queimá-lo.
Frei Ganimedes nada conseguiu do Corregedor porque este tinha destinado as suas filhas à vida monástica.
Os oficiais, sabendo da resolução do Corregedor, resolveram entrar no Convento disfarçados de frades, para raptarem as namoradas.
De acordo com o Guardião conseguiram o que desejavam.
Quando, porém, iam por em prática o plano que traçaram, foram descobertos pela madre Abadessa.
 Afinal, os oficiais acabaram obtendo o consentimento do Corregedor.
Os artistas trabalharam com gosto. O desempenho da opereta esteve magnífico. J. Vianna deu-nos um esplêndido e rotundo frade com todas as suas manhas e malícias; Cezar Santos, um correto oficial, e um excelente frade disfarçado; Soldá portou-se bem na parte que lhe tocou, apesar de ser secundária; Júlio Souza interpretou otimamente o papel de Corregedor; Carlota Santos e Julieta Vianna, deram-nos duas perfeitas educandas, com toda aquela ingenuidade aparente, aquele recolhimento e medo que as caracterizam; Maria de Souza, uma abadessa às direitas; os outros artistas andaram regularmente.
A música andou bem, e se não esteve melhor, o regente que agradeça a brincadeira sem gosto do ponto que, por duas vezes, o avisou erradamente.

O Espetáculo de Domingo foi oferecido ao povo em recita extraordinária, com abatimento de preços.
As peças levadas à cena foram: As Rosas de Nossa Senhora e A Herança do Tio Barnabé.


NOTA: Publicada no jornal O Pharol, de 07 de março de 1912.

Nenhum comentário:

Postar um comentário