Não era intenção minha relembrar fatos que se
deram há 19 anos, no tempo das convulsões políticas na cisão do Partido Republicano
Paraense em Santarém, mas a isso sou forçado pela local de um pseudo cronista,
publicada no jornal Santarém. Todo mundo deve estar lembrado que as facções
políticas tomaram os nomes dos seus chefes: a primeira chefiada pelo meu
venerando pai, o sr. Senador Barão de Tapajós, e a segunda pelo sr. Dr. Joaquim
Rodrigues Colares, que recebia ordem do sr. dr. Turiano Meira, então Juiz de
Direito desta Comarca.
Pois bem, nessa época em que os caracteres eram
mais retos, as deliberações políticas mais judiciosamente tomadas, foi que
tiveram lugar as eleições de 02 de março; porém, muito embora esses caracteres
fossem retos, como ainda existem amigos desse tempo: Coroneis José Velloso
Pereira, José Leopoldo Pereira Macambira, Mathias Afonso da Silva e outros, no
entanto houveram homens que se deixaram ludibriar por soberbas promessas, como
podem atestar os sobreviventes dessa peleja. Como disse, foi eleito o sr. dr.
Joaquim Colares intendente de Santarém, não pelo prestígio de seu nome, mas
pelas fraudes e intrigas em que é habilíssimo o sr. dr. Turiano Meira.
Isto ainda não basta, vou citar mais exemplos bem
frisantes: Alguém dentre nós deve saber que, depois de ter decorridos anos, foi
a Belém uma comissão chefiada pelo dr. Turiano Meira para conseguir do sr.
Senador Antônio Lemos, então chefe influente, a exclusão do nome do sr. Barão
de Tapajós da chapa da renovação do terço do Senado (Estadual), e, apesar do prestígio
do dr. Turiano Meira, nada conseguiu a tal comissão, e ele (dr. Turiano Meira)
foi obrigado a sufragar e mesmo a votar no sr. Barão de Tapajós para Senador
Estadual.
Diga agora o cronista que isso não se deu. Quer
saber a razão porque nada conseguiu o dr. Turiano Meira?
Foi porque os atos do sr. Barão de Tapajós e dos
amigos que o acompanhavam, sempre foram pautados pela justiça, lealdade
política e retidão de proceder inerentes aos homens de bem.
Deixemos o passado e estudemos o presente.
Em virtudes das lutas políticas que atualmente
atravessamos, levantemos duas candidaturas às próximas eleições para
intendente: a do dr. Turiano Meira e a do Coronel José Velloso Pereira, que
verão com toda certeza sair vitorioso das urnas o nome do Coronel José Velloso,
muito embora os 19 anos de ostracismo.
Uma vez demonstrado o prestígio do sr. Barão de
Tapajós e de seus amigos, indaguemos quem é esse alguém que, mascarado com o
pseudônimo, quer atacar pessoas acima de qualquer dúvida, de prestígio e de
modo de proceder correto. Esse alguém só podo ser algum cão faminto que, depois
de refastelado, morde a mão de seu benfeitor.
Francisco Corrêa.
NOTA: Texto
publicado no jornal O Pharol, de 07 de março de 1912, assinado pelo autor com o
título: “Como são as coisas...”. Na época em questão, as facções partidárias
eram denominadas “Baronistas” e “Turianistas”. O texto em questão reflete a
opinião dos baronistas que, naquele distante 1912, saíram vitoriosos nas
eleições.
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