terça-feira, 26 de julho de 2016

Sobre a história política de Santarém – 1912

Não era intenção minha relembrar fatos que se deram há 19 anos, no tempo das convulsões políticas na cisão do Partido Republicano Paraense em Santarém, mas a isso sou forçado pela local de um pseudo cronista, publicada no jornal Santarém. Todo mundo deve estar lembrado que as facções políticas tomaram os nomes dos seus chefes: a primeira chefiada pelo meu venerando pai, o sr. Senador Barão de Tapajós, e a segunda pelo sr. Dr. Joaquim Rodrigues Colares, que recebia ordem do sr. dr. Turiano Meira, então Juiz de Direito desta Comarca.

Pois bem, nessa época em que os caracteres eram mais retos, as deliberações políticas mais judiciosamente tomadas, foi que tiveram lugar as eleições de 02 de março; porém, muito embora esses caracteres fossem retos, como ainda existem amigos desse tempo: Coroneis José Velloso Pereira, José Leopoldo Pereira Macambira, Mathias Afonso da Silva e outros, no entanto houveram homens que se deixaram ludibriar por soberbas promessas, como podem atestar os sobreviventes dessa peleja. Como disse, foi eleito o sr. dr. Joaquim Colares intendente de Santarém, não pelo prestígio de seu nome, mas pelas fraudes e intrigas em que é habilíssimo o sr. dr. Turiano Meira.
Isto ainda não basta, vou citar mais exemplos bem frisantes: Alguém dentre nós deve saber que, depois de ter decorridos anos, foi a Belém uma comissão chefiada pelo dr. Turiano Meira para conseguir do sr. Senador Antônio Lemos, então chefe influente, a exclusão do nome do sr. Barão de Tapajós da chapa da renovação do terço do Senado (Estadual), e, apesar do prestígio do dr. Turiano Meira, nada conseguiu a tal comissão, e ele (dr. Turiano Meira) foi obrigado a sufragar e mesmo a votar no sr. Barão de Tapajós para Senador Estadual.
Diga agora o cronista que isso não se deu. Quer saber a razão porque nada conseguiu o dr. Turiano Meira?
Foi porque os atos do sr. Barão de Tapajós e dos amigos que o acompanhavam, sempre foram pautados pela justiça, lealdade política e retidão de proceder inerentes aos homens de bem.
Deixemos o passado e estudemos o presente.
Em virtudes das lutas políticas que atualmente atravessamos, levantemos duas candidaturas às próximas eleições para intendente: a do dr. Turiano Meira e a do Coronel José Velloso Pereira, que verão com toda certeza sair vitorioso das urnas o nome do Coronel José Velloso, muito embora os 19 anos de ostracismo.
Uma vez demonstrado o prestígio do sr. Barão de Tapajós e de seus amigos, indaguemos quem é esse alguém que, mascarado com o pseudônimo, quer atacar pessoas acima de qualquer dúvida, de prestígio e de modo de proceder correto. Esse alguém só podo ser algum cão faminto que, depois de refastelado, morde a mão de seu benfeitor.
Francisco Corrêa.


NOTA: Texto publicado no jornal O Pharol, de 07 de março de 1912, assinado pelo autor com o título: “Como são as coisas...”. Na época em questão, as facções partidárias eram denominadas “Baronistas” e “Turianistas”. O texto em questão reflete a opinião dos baronistas que, naquele distante 1912, saíram vitoriosos nas eleições.

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