sábado, 30 de julho de 2016

Uma carta sobre a Mineração em Monte Alegre no final do Império – 1889

A formação carbonífera pertence à última fase dos terrenos de transição ou primários.
A maior parte das jazidas carboníferas foram descobertas por meio de explorações e estudos encetados para este fim, e, algumas vezes por simples acaso, não apresentando na superfície do solo indício algum da existência do precioso combustível. E, para citar um exemplo, basta o seguinte:

No ano de 1813, na Sarthe em França, no ato de se proceder a perfuração de um poço artesiano, em uma profundidade de alguns metros, foi descoberto um abundantíssimo depósito de carvão de pedra que mais tarde foi origem de grandes riquezas para o feliz proprietário do terreno.
Não é, por certo, na superfície do solo, que ordinariamente se encontra o carvão, porém, em alguns lugares, se tem encontrado o mesmo a descoberto, em consequência do sublevamento [sic] das camadas carboníferas, devido isto a erupções das rochas plutônicas, que produziram nas mesmas camadas um desarranjo, dando causa a uma forte inclinação, o que, mais tarde, por efeito da desnudação dos terrenos superpostos deixaram visíveis estes depósitos.
Não é, pois, de admirar-se até hoje não se tem encontrado o carvão nestes lugares, porquanto os estudos foram feitos superficialmente, baseados sobre cálculos problemáticos e hipotéticos, quando, ao contrário, deve-se encetar trabalhos de perfuração, abertura de poços, estudando camada por camada, para deduzir o que, com realidade, possa existir.
Os trabalhos que estou executando em Monte Alegre anima-se sobremodo por ter encontrado ali todos os elementos que constituem os melhores depósitos carboníferos; é, pois, de esperar que breve sejam coroados de um feliz êxito os esforços meus e dos interessados.
Dos estudos que fiz em Cametá-Tapera, pude reconhecer com toda segurança ser o azougue, que encontra-se nas praias, devido a decomposição dos sulfuretos, deixando livre uma pequena parte, que por efeito da sublimação vem impelido à superfície no estado metálico, porém, muito subdividido que, a grande custo une-se em goteletas [sic] mais ou menos volumosas.
 Os sulfuretos estão a uma grande profundidade e é de crer que os mesmos sejam superpostos aos xistos carboníferos, como acontece à maior parte das jazidas até agora descobertas.
A extensão dos terrenos e o azougue que anualmente escoa nas praias pode-se dizer com toda certeza, que esta mina, uma vez encetados os trabalhos com regularidade, poderá produzir grandes vantagens; não só o azougue será fonte de riqueza, como meio para a descoberta de outros importantes minerais.
Monte Alegre, 01 de maio de 1889.

O Engenheiro, José Polônio.

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