Como é do domínio público o Estado do Pará fez
concessão de grandes áreas de terras no Tapajós à Companhia Ford, que já deu
começo à exploração dessas terras, para o plantio da seringa.
Infelizmente o estado sanitário da região não é de
molde a assegurar, presentemente, a vida dos trabalhadores que, deixando outros
lugares em que moirejam, se vão deixando seduzir pelas apregoadas vantagens da
empresa americana.
Do nosso brilhante confrade “Folha do Norte”, da
capital do Pará, extraímos as notas abaixo:
“Pelo “Jurupary”, entrando ontem à tarde, do
Tapajós, tivemos notícia de que na região onde se encontram localizados os
trabalhadores da empresa Ford estão grassando febres de mau caráter que obrigam
a retirada do pessoal, que, além do estado precário de saúde, alega como causa
de sua deserção o parco jornal que ali recebe, na importância de 3$000.
Os próprios guardas da profilaxia tem adoecido,
tanto que, no “Jurupary” desceram para Monte Alegre dois desses funcionários.
No lugar Boa Vista as febres estão atacando os
trabalhadores, tendo o referido “gaiola” trazido dezesseis desses homens
enfermos para Santarém.
No dia 16 do corrente, quando ali passou o
“Jurupary”, a sua tripulação teve ciência do falecimento de quatro
trabalhadores, só nesse dia.
Soubemos também que em Boim, o surto epidêmico que
ali grassava ainda continua a dizimar vidas.
Também em Monte Alegre, ao que nos informaram a
bordo, apareceu agora uma febre de mau caráter, que produz a paralisia dos
membros inferiores nas pessoas atacadas, tendo já se registrado naquela cidade quatorze
casos fatais.
Pelo que se vê a região do Baixo Amazonas, nas
adjacências do Tapajós, apresenta atualmente um estado sanitário nada
lisonjeiro e que está requerendo medidas urgentes para debelar as febres que
ali dominam”.
NOTA:
Publicado no Jornal O Rebate, de 28 de outubro de 1928.
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