Consta que a
igreja foi construída sobre os restos de um antigo cemitério indígena, tal fato
pode ser comprovado pela considerável incidência de objetos de cerâmica típicos
da cultura dos povos que habitavam a região antes da chegada dos colonizadores
europeus, que se encontram ao fazer escavações ao redor do templo. Durante a
reforma promovida por Frei Vianney Miller, a mando de Dom Tiago, o professor
Emir Bemerguy relata um fato interessante no seu “Diário”, na data de 11 de
julho de 1968:
Passava eu à porta da Catedral, quando o vigário,
Frei Vianney Miller, me chamou: queria pedir minha opinião sobre certos
detalhes das obras que há três anos se efetuam no templo secular. Consultou-me
a respeito da nova localização dada ao celebre Crucifixo de Frederico Von
Martius, que fora transferido da parede lateral direita para a parte posterior
do altar mor; quanto a este, perguntou-me o que eu achava de sua altura (três
degraus), se seria visível por todo o povo. Concordei com tudo, não encontrando
motivo algum para sugerir alterações. A propósito, contou-me Isoca o seguinte:
o pároco levara-o à Igreja em reconstrução para mostrar-lhe diversos ossos –
sobretudo fêmures – encontrados nas escavações que se vem realizando para
colocar o novo piso. Não se tem certeza sobre o local exato em que estaria
situado o primeiro cemitério dos índios Tupaius ou Tapajós, primitivos donos
destas terras; com a descoberta de agora, entretanto, talvez se esclareça o
enigma, pois havia suposições de que nossa matriz fosse edificada sobre a
necrópole dos silvícolas.
No entanto, é
bom que se saiba que a Igreja Matriz também serviu como cemitério, sendo nela
sepultados algumas das pessoas influentes dos séculos XVIII e XIX. Entre essas
pessoas podemos citar o pároco de Santarém, padre Felippe Santiago (falecido em
1775) e o juiz da comarca de Santarém, Dr. Raimundo José de Lima, falecido em
Santarém na noite de 1º de novembro de 1845, sendo sepultado no interior da
igreja no dia seguinte. Sim, muitos dos falecidos em Santarém entre os anos de
1760 e pelos quase 100 anos seguintes, foram sepultados dentro da nossa
Catedral até que se inaugurasse o Cemitério de Nossa Senhora dos Mártires, em
meados do século XIX.
NOTA: Trecho do livro “A Catedral de Santarém”, de
Pe. Sidney Canto, lançado em 2016.
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