quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Curiosidades sobre a Catedral de Santarém: Seu solo já foi cemitério.




Consta que a igreja foi construída sobre os restos de um antigo cemitério indígena, tal fato pode ser comprovado pela considerável incidência de objetos de cerâmica típicos da cultura dos povos que habitavam a região antes da chegada dos colonizadores europeus, que se encontram ao fazer escavações ao redor do templo. Durante a reforma promovida por Frei Vianney Miller, a mando de Dom Tiago, o professor Emir Bemerguy relata um fato interessante no seu “Diário”, na data de 11 de julho de 1968:

Passava eu à porta da Catedral, quando o vigário, Frei Vianney Miller, me chamou: queria pedir minha opinião sobre certos detalhes das obras que há três anos se efetuam no templo secular. Consultou-me a respeito da nova localização dada ao celebre Crucifixo de Frederico Von Martius, que fora transferido da parede lateral direita para a parte posterior do altar mor; quanto a este, perguntou-me o que eu achava de sua altura (três degraus), se seria visível por todo o povo. Concordei com tudo, não encontrando motivo algum para sugerir alterações. A propósito, contou-me Isoca o seguinte: o pároco levara-o à Igreja em reconstrução para mostrar-lhe diversos ossos – sobretudo fêmures – encontrados nas escavações que se vem realizando para colocar o novo piso. Não se tem certeza sobre o local exato em que estaria situado o primeiro cemitério dos índios Tupaius ou Tapajós, primitivos donos destas terras; com a descoberta de agora, entretanto, talvez se esclareça o enigma, pois havia suposições de que nossa matriz fosse edificada sobre a necrópole dos silvícolas.

No entanto, é bom que se saiba que a Igreja Matriz também serviu como cemitério, sendo nela sepultados algumas das pessoas influentes dos séculos XVIII e XIX. Entre essas pessoas podemos citar o pároco de Santarém, padre Felippe Santiago (falecido em 1775) e o juiz da comarca de Santarém, Dr. Raimundo José de Lima, falecido em Santarém na noite de 1º de novembro de 1845, sendo sepultado no interior da igreja no dia seguinte. Sim, muitos dos falecidos em Santarém entre os anos de 1760 e pelos quase 100 anos seguintes, foram sepultados dentro da nossa Catedral até que se inaugurasse o Cemitério de Nossa Senhora dos Mártires, em meados do século XIX.


NOTA: Trecho do livro “A Catedral de Santarém”, de Pe. Sidney Canto, lançado em 2016.

Nenhum comentário:

Postar um comentário