Emir Bemerguy
Atribuíram-me a delicada incumbência de preencher
esta página com um comentário sobre a nossa Catedral, cuja reforma está em fase
de ultimação. Tenho, portanto, de fazer uma síntese daquilo que normalmente
talvez exigisse um livro inteiro para ser esmiuçado em seus detalhes.
Considero uma autêntica e edificante epopeia a
reconstrução do principal templo santareno. Creio mesmo que se não fosse o
perene e sagrado entusiasmo desse diligente Frei Vianney Miller, que não se
deteve ante empecilhos de qualquer espécie, talvez continuássemos assistindo,
aflitos e impotentes para contê-la, a lenta, mas progressiva, deterioração da
nossa majestosa e centenária Igreja Matriz. Mas, impulsionado por essa bendita
e contagiante loucura que Deus sempre abençoa, sorrindo da temeridade do Seu
frágil filho, o digno sucessor de tantos outros operosos sacerdotes que o
antecederam no vicariato, levou avante a empreitada difícil, porém inadiável.
E, agora, já podemos externar o nosso regozijo, a nossa imperecível gratidão a
ele e a todos os que direta ou indiretamente, contribuíram para transformar em
esplêndida realidade aquilo que já se vinha revestindo das cores sombrias de um
pesadelo.
A Catedral está praticamente pronta. Dentro de
pouco tempo teremos a satisfação de vê-la triunfalmente reinaugurada e
funcionando, em sua plenitude, como o refúgio querido e acolhedor, onde nos
habituamos a procurar consolo e conformação ante as impiedades da vida. Quanto
se gastou? Ainda que houvesse espaço para um balanço das despesas feitas, talvez
não conviesse efetuá-lo; entendo que, por vultoso que haja sido o investimento,
ele renderá os juros elevados e incessantes das bênçãos divinas.
Pretendo expressar o esforço despendido nesses
três anos de trabalho. Frei Vianney disse, há pouco, em um sermão, esperar que,
lá no paraíso, Deus não lhe atribua a missão de edificar ou remodelar igrejas.
Atrevo-me, porém, a discordar do caríssimo padre: se aqui na terra, lutando
contra todas as deficiências inerentes à condição humana, ele conseguiu realizar
uma obra dessa magnitude, acho que, ao atingir as celestiais paragens, daqui a
muitos anos, o incansável franciscano deverá ser designado exatamente para as
funções de restaurador das Catedrais da eternidade. E a Virgem da Conceição com
certeza advogará essa escolha, lembrando-se da belíssima Igreja que, cinquenta
anos antes, ele ofertara ao povo que a cultua com um fervor que os séculos, ao
invés de atenuarem, acrisolam e intensificam.
NOTA:
Publicado no Programa da Festa do ano de 1968.
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