sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Instalação da Diocese de Santarém – 1980

Na última terça-feira (01 de janeiro), foi realizada a cerimônia oficial de instalação da Diocese de Santarém, que deixa assim de ser Prelazia. O ato teve lugar em frente à Catedral da Imaculada Conceição, durante missa campal concelebrada por diversos sacerdotes e presidida pelo Bispo Dom Tiago Ryan. Grande número de fiéis esteve presente.
Em cerimônia simples, que teve como centro a Santa Missa, o Bispo Dom Tiago fez ler pelo Vigário Geral, frei Ricardo Duffy, sua primeira carta pastoral, desde que, a 07 de dezembro, deixou de ser Bispo Prelado para ser Bispo Diocesano. O documento recorda passagens dos mais de 76 anos desde que a Prelazia foi erigida pelo Papa Pio X, sendo esta a mais antiga do Brasil.

Ao ler, perante a multidão, a Primeira Carta Pastoral da nova Diocese, disse frei Ricardo que o Núncio Apostólico, Dom Carmine Rocco, pode ver o reconhecimento do Papa João Paulo II da obra apostólica que foi desenvolvida durante dezenas de anos por diversos Prelados, Sacerdotes, Religiosos e Religiosas. “E quanto a Diocese de Santarém deve a Monsenhor Frederico Costa (primeiro Prelado), a Dom Amando, a Dom Anselmo e Dom Floriano. E quanto deve também a Madre Imaculada (fundadora da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição, responsável pelo Colégio Santa Clara e hoje com atividades missionárias em várias partes do mundo)”.
A Carta fala ainda do trabalho desenvolvido nesses anos todos da Prelazia, pelas Irmãs Adoradoras do Sangue de Cristo (responsáveis pelo Colégio São Raimundo), pelas Irmãs Franciscanas (Maternidade Sagrada Família), pelos Irmãos de Santa Cruz (Colégio Dom Amando) e por dezenas de frades Franciscanos “que por aqui labutaram, catequizando os índios, trazendo a Boa Nova de Jesus Cristo aos nossos antepassados”. Prossegue o documento lembrando que a Igreja de Santarém foi também construída “por milhares de leigos engajados, professores, catequistas, enfermeiros e dedicados pais de famílias, formados e alimentados pelas várias organizações daqueles tempos idos, como o Apostolado da Oração, os Marianos, as Filhas de Maria, os Aloysianos, a Cruzada Eucarística”.
Diz ainda a Carta que “o Santo Padre nos lança um desafio, pois somos uma Igreja Adulta e onde estão os frutos? Hoje em dia, a Igreja espera, sobretudo dos leigos, um compromisso mais autêntico na vida dessa Igreja. De que adianta trazer sacerdotes de fora, se a própria Igreja Local continua a se acomodar a esta situação de missão e não se esforça em promover vocações locais? De que adianta trazer recursos financeiros – prossegue a Carta Pastoral – mendigados no estrangeiro quando, em nossa cidade, certas festas sociais consomem mais do que as coletas e as ajudas para a Igreja Local? Portanto, aqui está o desafio”.
Em seu sermão, disse Dom Tiago que “eu falo a vocês como primeiro Bispo desta nova Diocese, uma Igreja Adulta, não mais uma Prelazia, mas uma Igreja da qual o Santo Padre e a Igreja Universal podem esperar muito mais do que demos no passado”.
A seguir, o Bispo abordou o tema do dia de hoje, estabelecido pelo Papa para o dia primeiro de janeiro, dia universal da Paz. “A Verdade, Força da Paz – disse ele ser – importantíssimo compreender hoje esse papel da Igreja: ou nós, católicos, cristãos verdadeiros, ou nos separamos dela, criando a nossa própria religião e explicando a Boa Nova ao nosso modo de ser. Não é segredo que hoje no Brasil a Igreja está enfrentando uma luta verdadeira. E por que? Porque ela está exigindo o direito de ela julgar o que é a verdade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nem o governo, nenhuma entidade, pode dizer à Igreja quais as verdades que podem ser ensinadas. Só a Igreja e só ela pode julgar se uma certa verdade provém ou não de Cristo”.
A seguir, Dom Tiago solidarizou-se com o Bispo de Nova Iguaçu, Dom Adriano Mandarino Hipólito, em cuja Catedral foi atirada uma bomba, que destruiu o Sacrário e as Hóstias Consagradas, “tudo isso em nome de um cristianismo que recusa aceitar os ensinamentos de Cristo na pessoa do Bispo daquela Igreja Local”.

NOTA: Publicado no Jornal Folha do Norte de 05 de janeiro de 1980.


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