A Vida Religiosa
nesta região do Lago Grande da Franca ou Lago Grande do Curuai (1), teve seu
início no último quarto do século passado (2), com a veneração, nesta Vila, a
Nossa Senhora de Nazaré.
Um grupo de
homens, entre os quais, Vicente Deodato de Miranda, principal idealizador,
Marcelino de Sousa Galúcio, Augusto José Rodrigues, Feliciano Leal, Francisco
de Andrade Vinhote, Gabriel Figueira, José Bento Lourido, etc. imaginou pelo
ano de 1885, mais ou menos, a construção de uma capela, onde deveria ser
venerada a Virgem. Uma imagem pequenina, pertencente a Ana Amância Vinhote, foi
colocada na capela de taipa e coberta de palhas. Desde então as festas passaram
a ser celebradas na citada capela. Vicente Deodato de Miranda, em cuja casa
era, até a construção da capela, festejada a padroeira, muito trabalhou para
que o espírito religioso se desenvolvesse e, mediante opinião unânime, ficou
convencionado que a data da festa da padroeira seria: 15 de agosto. A capela
foi reformada mais ou menos em 1908, sendo empregado na reforma madeirame mais
resistente.
A atual imagem
de Nossa Senhora de Nazaré, foi ofertada, acredita-se, já nos primeiros anos
deste século, pelo português Antônio Gonçalves, marchante radicado no município
de Óbidos.
O animador
desenvolvimento religioso assinalado nos anos consecutivos e que se patenteava
por ocasião das festividades – época em que a Vila era ponto de afluência de
famílias vindas da sede do município e de municípios vizinhos – certamente muito
influenciou para o então povoado receber o predicamento de Vila.
O primeiro
sacerdote que, ao que tudo indica, visitou a região, foi o padre João Braz, da
então freguesia de Juruti. Este padre é quem vinha para celebrar a Festa.
Posteriormente a assistência religiosa passou a ser feita pelo Arcedíago José
Gregório Coelho, da paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Santarém (3). De
1901 até 1907 a região passou a ser visitada pelos padre Irineu José Rebouças e
Ulisses Montesano (de 1905 em diante). Deste ano (1907) até 1917, trabalharam
na cura das almas, revesadamente, Frei João Manderfelt (1907), Frei Electo
Peters (1916), Frei Luiz Wand, Frei Eustáquio Bullermann e Frei Victor. De
1918, a freguesia teve o seu visitador na pessoa do Revdo. Frei Ambrósio
Philipsemburg, grande educador, cuja lembrança viverá sempre na memória dos
santarenos. Com o seu trabalho e zelo apostólico deu maior ênfase à vida
religiosa, em cujo mister sempre contou com a benevolência de Antônio Henrique
de Andrade Figueira. Também padre Tobias e Frei Hugo Mense, vez por outra
visitaram-nos. Visitaram-nos também, ao tempo de Frei Ambrósio, a quem
auxiliavam por ocasião das festas: Frei Rogério Voges, Frei Aluízio Walter,
Frei Rafael e Frei Inácio Buetgen.
Em 1910, mais ou
menos, Antônio H. de Andrade Figueira e Raul Manoel Soares, mediante subscrição
pública, mandaram vir os sinos que se acham na torre da Igreja.
Em 15 de agosto
de 1912, Curuai recebeu com imenso júbilo, a honrosa primeira Visita Pastoral
de Dom Frei Amando Bahlmann. Neste mesmo dia, mês e ano, sua Excelência
Reverendíssima lançou os fundamentos de criação, nesta Vila, de um centro do
Apostolado da Oração, constituindo dona Arminda de Sousa Figueira, seu
zelador-presidente.
Em 1936, faleceu
Frei Ambrósio. Sua morte causou profunda consternação a todos os seus
prelazianos, inúmeros dos quais eram seus discípulos. Do ano seguinte até o ano
de 1940, a freguesia passou a ser assistida pelo Revmo. Frei Pio Johann Leweling, sendo substituído, vez por outra pelos Freis: Rogério
Voges, Alberto Kruse, Domingos Hermanns, Francisco José Goedde e Edmundo
Bombosch. Foi através da palavra pastoral de Frei Pio, que o menino Eurico
Soares de Aquino, nascido nesta Vila, recebeu as primícias para o sacerdócio,
partindo da casa paterna, em companhia deste sacerdote, no dia 16 de agosto de
1940, para voltar, já ordenado, com o nome de Frei Aurélio – além de duas vezes
que veio como seminarista – à terra natal, em 14 de agosto de 1954, tendo
celebrado sua primeira missa no dia 08 de agosto desse mesmo ano, no altar de
Nossa Senhora da Conceição, em Santarém.
De 1942 até 1952, o trabalho pastoral passou a ser exercido pelo
incansável e zeloso sacerdote Frei Raimundo Henczyca. Por motivo de doença,
este missionário foi trabalhar na cidade de Santarém, sendo depois mandado à
Europa, onde veio a falecer, sendo substituído pelo Revdo. Frei Mário Lerek,
que aqui chegou em agosto de 1953.
Neste mesmo ano foi, sob a administração de Antônio Viera de Aquino
(4), então presidente do Apostolado da Oração, reformada e aumentada com
alvenaria de tijolo, a então capela de Nossa Senhora de Nazaré.
No ano de 1957, a freguesia foi assistida pelo Revmo. Frei Othmar
Rollman, que trabalhou até o ano de 1958, quando foi substituído pelo Revdo.
Frei Gilberto Wood, norte americano, da Província do Sagrado Coração de Jesus.
Chegada era a aurora de novos horizontes para a vida religiosa do povo
lagograndense.
Durante os anos já reportados, a Vila recebeu as visitas, além de Dom
Amando por três vezes, das seguintes outras autoridades episcopais: Dom Eduardo
José Herberhold, Bispo Auxiliar de Dom Amando, em 1929. Anselmo Pietrulla,
Monsenhor, Administrador Apostólico da Prelazia, em 1942 e 1947 e Dom Floriano
Loewenau, em 1957.
NOTAS: O presente
texto foi retirado do “Registro dos Acontecimentos Diários da Paróquia de Nossa
Senhora de Nazaré”, aberto por Frei Benjamin Link, OFM, no dia 05 de agosto de
1962, escrito em grande parte pelo cartorário Sansão Bento Lourido (foto que
ilustra esta postagem). Uma cópia deste me foi doado pela amiga Rosália Lourido,
filha de Sansão.
(1) Lago Grande
da Franca por conta de pertencer à antiga Vila de Franca (ou Vila Franca),
criada por Francisco Xavier de Mendonça Furtado. Textos antigos também o
denominam como Lago Grande das Campinas. No século XX começou a ser também
denominado de Lago Grande de Vila Curuai ou Lago Grande do Curuai, após a
criação desta mesma Vila.
(2) A
referência, aqui, é com relação à Vida Religiosa. A ocupação do Lago Grande,
entretanto remonta a muitos anos antes. Primeiro aos povos indígenas, depois
pela ocupação estrangeira, através do Pesqueiro Real e de Fazendas de criação
de gado.
(3) Depois de
Monsenhor José Gregório o padre Theodoro Gabriel Thauby realizou diversas
visitas em fins do século XIX, a partir do ano de 1888.
(4) Uma
curiosidade familiar: o referido Antônio, popularmente conhecido como Toti
Aquino, é irmão de Tomázia Aquino, minha bisavó. Meus avós maternos levaram
minha mãe para ser batizada nesta capela, após a reforma feita por este tio
avô.
esse e o historico do lago grande
ResponderExcluiresse e o historico do lago grande
ResponderExcluirQuanta história!
ResponderExcluirO saudades de meu tio Sansão lourido
ResponderExcluirHistória de nosso Curuai
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