sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Saúde em Santarém na década de 1920: o Posto “Gaspar Vianna”

O Posto “Gaspar Vianna”, tendo à frente de sua direção zeloso e competente médico, auxiliado por dedicados e incansáveis auxiliares, pode orgulhar-se do êxito que vem obtendo e do grande serviço que vai prestando à nossa população rural.
Tivemos ocasião de, em visita que fizemos àquela repartição, manusear demoradamente o relatório dos trabalhos executados no ano findo e ler o resumo circunstanciado de todos os serviços realizados naquele período. Pelo mesmo podemos avaliar o inegável valor dos serviços prestados à população de Santarém. A elevada cifra de doentes tratados nas diversas secções do Posto mostra bem a lacuna que o mesmo veio preencher em nossa terra e convencer-nos de que o interior do nosso país é mesmo um vasto hospital, como muito bem afirmava o inolvidável médico patrício Dr. Miguel Pereira.

O impaludismo, tenebroso polvo de tentáculos insaciáveis, apresenta-se-nos ocupando o primeiro degrau das entidades mórbidas que flagelam o nosso povo; as verminoses, tão traiçoeiras e tão terríveis nos seus múltiplos estragos, ocupam destacado lugar entre o cortejo mortífero das doenças espalhadas pelos nossos sertões; a sífilis e as diversas moléstias que a acompanham, impõe-se como a predileta das cidades; e a horrível e tremenda lepra, abominosa com a sua presença e terrível nos seus estragos, constituíram o pivot em torno do qual o Serviço de Saneamento Rural neste município, empregou todo o seu patriótico esforço debelativo.
Tudo isso vem mui conscienciosamente descrito, em resumo, no relatoria a que nos referimos, apresentado pelo diretor do Posto à chefia do Serviço.
Bem hajam, pois, os que carinhosa e dedicadamente prestam o seu concurso a tão utilíssima e humanitária campanha.
Santarém, que teve a fortuna de ser o município do Baixo Amazonas que instalou tão patriótico serviço, deve sentir-se tão orgulhecida em poder registrar a satisfação que vai na alma de sua população, pelos benefícios desta salvadora medida e o nosso governo municipal tranquilo de consciência por ter realizado uma obra que há muito se fazia mister executar-se entre nós.

NOTA: Publicado no Jornal A Cidade de 28 de fevereiro de 1925.


Nenhum comentário:

Postar um comentário