segunda-feira, 7 de maio de 2018

Uma descrição de Alenquer em 1889



É uma cidade da província do Pará, na comarca do seu nome, ex-termo da comarca de Santarém, 22 milhas ao norte desta cidade, no lado oriental da boca do igarapé Itacarará, que ali entra do norte no paraná-mirim do Amazonas, chamado geralmente rio de Alemquer [sic]; separada do município de Santarém pelo igarapé Curecaca [sic]. Foi a antiga aldeia dos índios Barés, estabelecida em princípio com o nome de aldeia do Surubiú, na margem direita do rio Curuá, no mesmo povoado que tem este nome e a que foi dada a denominação de Arcozellos. Foi, talvez, pela insalubridade do lugar removida para a boca do Itacarará, onde os capuchos da Piedade, seus missionários, continuaram a administrá-la até o ano de 1758, em que o capitão-general Francisco Xavier de Mendonça Furtado, governador do Pará, elevou-a a vila com o nome de Alemquer, título que, por motivos políticos, lhe foi tirado em 1832 pelo conselho do governo, mas que pela lei provincial Nº 140, de 1848 lhe foi restituído.

Em 11 de janeiro de 1849 foi instalada. É cidade desde 1881.
A Agricultura nesse município está concentrada exclusivamente na cultura do cacau, de que há numerosas plantações, notando-se grande carência de braços para este e outros gêneros. A indústria pastoril não se desenvolve por causa das cheias anuais do Amazonas, que inundam as campinas.
Exporta castanhas, cacau, peixe e algum charque, sendo o transporte feito geralmente de canoas dentro do município e no vapor que faz escala por aquele porto.
A cidade possui cinco extensas ruas, bem alinhadas e paralelas, cortadas em ângulos retos por nove travessas; tem três praças: a do Ocidente, a da Matriz e a do Paço Municipal; uma igreja matriz, templo vasto e ricamente ornamentado; paço municipal e cadeia, com pórtico de colunas jônicas e ladrilhado de mosaico; um cemitério com capela, etc.
A população do município é de 4.400 habitantes.
Alemquer foi criada comarca em 1883.
M. Pinto

NOTA: Publicado em 1889 na edição 041 do jornal Tribuna Liberal. Uma correção: a perda do predicamento de Vila ocorreu em 1833 e não em 1832 como está no texto. 


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