Pe. Sidney
Augusto Canto
Corria o ano de 1915...
Politicamente, a cidade de Santarém vivia uma
situação política raras vezes vista em sua história. O Partido Republicano do
Pará passou a dominar o cenário político no município. Nele se fundiram muitos
dos adversários da cidade em torno do nome comum do intendente municipal, dr.
Oscar Barreto. Isso se torna evidente pela convenção do referido partido, que
ocorreu a 11 de abril, no “Theatro Victoria”, onde os opositores políticos se
reuniram e aclamaram por unanimidade o nome do gestor municipal para concorrer
novamente ao cargo, na eleição do dia 22 de junho.
E, naquele 22 de junho de 1915, o intendente
estava reeleito para mais um mandato. No entanto, faltava definir os nomes para
o Senado Estadual e a Câmara Estadual. Naquela época o Estado do Pará, além de
possuir duas casas legislativas, era divido em Dois Distritos Eleitorais,
conforme o Decreto Lei Nº 153, de 03 de agosto de 1893. Santarém fazia parte do
2º Distrito (juntamente com as cidades de Breves, Oeiras, Melgaço, Portel,
Bagre, Gurupá, Almeirim, Prainha, Porto de Moz, Souzel, Monte Alegre, Alenquer,
Aveiro, Itaituba, Óbidos, Juruti, Faro, Anajás, Afuá, Chaves, Macapá, Mazagão,
Montenegro e Altamira).
Assim, pelo 2º Distrito foram eleitos: para o
Senado Estadual, os senhores Martins Pinheiro, Ferreira Teixeira, Acatauassú
Nunes, Silva Rosado, Cruz Moreira e o padre Luiz Borges. Para a Câmara Estadual
foram eleitos deputados os senhores Arthur Guimarães Bastos, Raul Borborema,
Virgílio Melo, Themistocles de Figueiredo, Antônio Magno e Silva, Bruno
Bittencourt, Heráclito Pinheiro, Luiz Barreiros, Benedicto Frade, Elias Vianna,
Anthero Guimarães, José de Souza Rodrigues Filho, José Júlio de Andrade, José
Joaquim de Moraes Sarmento e Paulino do Carmo. Um cronista da época assim se
manifestou sobre a situação política do município de Santarém, a partir do
resultado das eleições de 1915:
A política, como até
bem pouco tempo o era em todos os municípios do interior, – agitada,
contraditória, tecida de intrigas e represálias, nos forneceria, sem dúvida,
com suas rusgas e diatribes, assuntos mais aceitáveis pelo público de nossa
metrópole estadual. Até isso, porém, ora nos falece; a unificação dos partidos,
alcançada com a criação do Partido Republicano do Pará, apagou de vez o fogo
latente de lutas estéreis que caracterizavam as diversas facções regionais.
Aqui, talvez, mais que em outra qualquer parte, esse benéfico movimento
fusionista se acentuou de tal maneira, que hoje o nosso respirar político é
como o leve ressonar de um sono tranquilo e bom
(Do correspondente do jornal Estado do Pará em Santarém).
Os rumos políticos nas mãos de um só partido
semearam um tempo de paz nas margens do rio Tapajós. Isso facilitou também o
trabalho do intendente que, sem oposição pode investir recursos na iluminação
pública, limpeza das ruas, reforma do trapiche e na fortificação da rede de
ensino pelo interior do município. Infelizmente para uns (e felizmente para
outros) os dissabores políticos silenciaram na cidade por pouco tempo e logo
voltariam a agitar a vida política dos santarenos.
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