sábado, 1 de setembro de 2018

As eleições no ano em que Santarém tinha um só partido...


Pe. Sidney Augusto Canto

Corria o ano de 1915...
Politicamente, a cidade de Santarém vivia uma situação política raras vezes vista em sua história. O Partido Republicano do Pará passou a dominar o cenário político no município. Nele se fundiram muitos dos adversários da cidade em torno do nome comum do intendente municipal, dr. Oscar Barreto. Isso se torna evidente pela convenção do referido partido, que ocorreu a 11 de abril, no “Theatro Victoria”, onde os opositores políticos se reuniram e aclamaram por unanimidade o nome do gestor municipal para concorrer novamente ao cargo, na eleição do dia 22 de junho.

E, naquele 22 de junho de 1915, o intendente estava reeleito para mais um mandato. No entanto, faltava definir os nomes para o Senado Estadual e a Câmara Estadual. Naquela época o Estado do Pará, além de possuir duas casas legislativas, era divido em Dois Distritos Eleitorais, conforme o Decreto Lei Nº 153, de 03 de agosto de 1893. Santarém fazia parte do 2º Distrito (juntamente com as cidades de Breves, Oeiras, Melgaço, Portel, Bagre, Gurupá, Almeirim, Prainha, Porto de Moz, Souzel, Monte Alegre, Alenquer, Aveiro, Itaituba, Óbidos, Juruti, Faro, Anajás, Afuá, Chaves, Macapá, Mazagão, Montenegro e Altamira).
Assim, pelo 2º Distrito foram eleitos: para o Senado Estadual, os senhores Martins Pinheiro, Ferreira Teixeira, Acatauassú Nunes, Silva Rosado, Cruz Moreira e o padre Luiz Borges. Para a Câmara Estadual foram eleitos deputados os senhores Arthur Guimarães Bastos, Raul Borborema, Virgílio Melo, Themistocles de Figueiredo, Antônio Magno e Silva, Bruno Bittencourt, Heráclito Pinheiro, Luiz Barreiros, Benedicto Frade, Elias Vianna, Anthero Guimarães, José de Souza Rodrigues Filho, José Júlio de Andrade, José Joaquim de Moraes Sarmento e Paulino do Carmo. Um cronista da época assim se manifestou sobre a situação política do município de Santarém, a partir do resultado das eleições de 1915:
A política, como até bem pouco tempo o era em todos os municípios do interior, – agitada, contraditória, tecida de intrigas e represálias, nos forneceria, sem dúvida, com suas rusgas e diatribes, assuntos mais aceitáveis pelo público de nossa metrópole estadual. Até isso, porém, ora nos falece; a unificação dos partidos, alcançada com a criação do Partido Republicano do Pará, apagou de vez o fogo latente de lutas estéreis que caracterizavam as diversas facções regionais. Aqui, talvez, mais que em outra qualquer parte, esse benéfico movimento fusionista se acentuou de tal maneira, que hoje o nosso respirar político é como o leve ressonar de um sono tranquilo e bom (Do correspondente do jornal Estado do Pará em Santarém).
Os rumos políticos nas mãos de um só partido semearam um tempo de paz nas margens do rio Tapajós. Isso facilitou também o trabalho do intendente que, sem oposição pode investir recursos na iluminação pública, limpeza das ruas, reforma do trapiche e na fortificação da rede de ensino pelo interior do município. Infelizmente para uns (e felizmente para outros) os dissabores políticos silenciaram na cidade por pouco tempo e logo voltariam a agitar a vida política dos santarenos.


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