segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Indígenas atacam a seringueiros no Tapajós em 1878


Pelo “Manaus”, de volta de Itaituba a 25 de abril, comunica-nos pessoa de inteiro crédito, terem os índios da tribo Anambés assaltado algumas barracas de seringueiros do Alto Tapajós, além do aldeiamento do Bacabal, sendo estas barracas ou feitorias as de Guilhermino Franco, José Maria Correa e Siqueira & Rocha, situadas em diferentes lugares.
Os Anambés vieram em suas excursões do rio Xingú, e são os mesmos que em outubro atacaram os quilombolas do Curuá (rio Curuá-Una), fazendo muitas mortes.

Conjectura-se que, internando-se pelas matas, atravessaram o Cupary, na altura do sítio do sr. Paulo J. Lopes Christo, e foram estacionar na Ponte Grande, acima das cachoeiras do Jamanxim, no Alto Tapajós, onde prepararam grandes ubás, que mediam de 60 a 70 palmos de cumprimento, e 6 a 8 de boca, em as quais fizeram a passagem para a margem oposta em número que calcularam de mil pessoas.
Trazida a notícia ao aldeiamento do Bacabal, de terem sido atacadas e roubadas aquelas barracas, os índios aldeados da tribo Mundurucú, saíram-lhe ao encontro e feriram o combate aquém do Mamboahy, ficando derrotados os Anambés, que deixaram no campo da batalha grande número de mortos e 14 prisioneiros que foram recolhidos ao aldeiamento do Bacabal.
Derrotados os Anambés, seguiram estes para as terras dos Maués, onde internaram-se, tendo no dia 22 de abril atravessado o rio Arichy e seguido em direção à cachoeira do Arapiuns, que desagua na bacia da Vila Franca, cerca de 20 milhas acima.
De cartas vindas de Itaituba, que temos à vista, consta que os prejudicados pelos índios Anambés em suas correrias foram os comerciantes: Apolinário José Gomes, Guilhermino Franco, José Maria Correa, que faleceu, e João Correa, os quais perderam todas as mercadorias que tinham nas feitorias, apossando-se delas os selvagens, os quais, segundo também nos informam, presume-se não serem índios em sua totalidade, mas sim desertores e criminosos, por falarem bem o português.

NOTA: Publicado no Jornal do Recife de 21 de maio de 1878.

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