Pelo “Manaus”,
de volta de Itaituba a 25 de abril, comunica-nos pessoa de inteiro crédito,
terem os índios da tribo Anambés assaltado algumas barracas de seringueiros do
Alto Tapajós, além do aldeiamento do Bacabal, sendo estas barracas ou feitorias
as de Guilhermino Franco, José Maria Correa e Siqueira & Rocha, situadas em
diferentes lugares.
Os Anambés
vieram em suas excursões do rio Xingú, e são os mesmos que em outubro atacaram
os quilombolas do Curuá (rio Curuá-Una), fazendo muitas mortes.
Conjectura-se
que, internando-se pelas matas, atravessaram o Cupary, na altura do sítio do
sr. Paulo J. Lopes Christo, e foram estacionar na Ponte Grande, acima das
cachoeiras do Jamanxim, no Alto Tapajós, onde prepararam grandes ubás, que
mediam de 60 a 70 palmos de cumprimento, e 6 a 8 de boca, em as quais fizeram a
passagem para a margem oposta em número que calcularam de mil pessoas.
Trazida a
notícia ao aldeiamento do Bacabal, de terem sido atacadas e roubadas aquelas
barracas, os índios aldeados da tribo Mundurucú, saíram-lhe ao encontro e
feriram o combate aquém do Mamboahy, ficando derrotados os Anambés, que
deixaram no campo da batalha grande número de mortos e 14 prisioneiros que
foram recolhidos ao aldeiamento do Bacabal.
Derrotados os
Anambés, seguiram estes para as terras dos Maués, onde internaram-se, tendo no
dia 22 de abril atravessado o rio Arichy e seguido em direção à cachoeira do
Arapiuns, que desagua na bacia da Vila Franca, cerca de 20 milhas acima.
De cartas vindas
de Itaituba, que temos à vista, consta que os prejudicados pelos índios Anambés
em suas correrias foram os comerciantes: Apolinário José Gomes, Guilhermino
Franco, José Maria Correa, que faleceu, e João Correa, os quais perderam todas
as mercadorias que tinham nas feitorias, apossando-se delas os selvagens, os
quais, segundo também nos informam, presume-se não serem índios em sua
totalidade, mas sim desertores e criminosos, por falarem bem o português.
NOTA: Publicado
no Jornal do Recife de 21 de maio de 1878.
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