Por: Pe. Sidney
Augusto Canto
As comemorações
do cinquentenário da “Independência do Brasil” em Santarém foram marcadas por
um caráter cívico, político e cultural.
Na noite
anterior (06 de setembro de 1872) o Barão de Santarém preparou uma grande
“reunião” para saudação do dia 07 de setembro. Grande parte dos políticos,
povo, militares, participaram desta homenagem que, saindo do palacete do Barão,
percorreu as ruas de Santarém, com a participação da Banda de Música do 26º
Batalhão da Guarda Nacional, restaurada pelo Tenente Joaquim Rodrigues dos
Santos, então comandante do referido Batalhão.
Ao som de
marchas tocadas pela Banda, os pelotões do 26º Batalhão, portando Bandeiras do
Império, percorreram as ruas da cidade de Santarém. Foram feitas paradas na
casa do Vigário Geral do Baixo Amazonas, Mons. José Gregório Coelho (que
proferiu discurso alusivo ao evento), à sede do Jornal “Baixo Amazonas” e também
no Colégio Nossa Senhora da Conceição, onde a maior parte dos alunos cantou o
Hino Nacional, ao som de flautas tocadas por outros alunos do referido
educandário. Foi, na ocasião, lida uma poesia pelo colegial Joaquim Colares,
além da palavra de diversas personalidades locais.
O cortejo
encerrou-se em frente ao Palacete do Barão de Santarém. É interessante notar
que naquele mesmo dia, outro grupo de pessoas (adversários do Barão, talvez)
também percorreram as ruas de Santarém, acompanhados de outra Banda de Música,
com muitos foguetes e sons de Vivas ao Imperador, ao Império, à Religião
Católica, etc...
No dia seguinte,
realizaram-se as eleições para vereadores e juízes de paz. O dia foi tomado
pelas votações. A vitória coube facilmente ao Partido Conservador (o partido
Liberal era incipiente no município, mas fazia muito barulho). Foram eleitos
vereadores: Barão de Santarém, Joaquim Rodrigues dos Santos, Francisco Caetano
Corrêa, José Thomaz da Silva, Manoel Luiz de Sousa, João Victor Gonçalves
Campos, José Joaquim da Silva, Jeronimo Gentil Junior e João da Costa Pereira.
Para Juízes de Paz, foram eleitos: José Joaquim Pereira Macambira, Manoel S.
Moraes Sarmento, Manoel Caetano Corrêa, Ignácio José Corrêa.
Na noite do dia
07, após as eleições, por iniciativa dos senhores Barão de Santarém, Arcedíago
Dr. José Gregório Coelho, tenente-coronel Joaquim Rodrigues dos Santos, do
médico Dr. Antonio Joaquim Gomes de Amaral, do naturalista João Barbosa
Rodrigues, entre outros, foram convidados as pessoas mais representativas da
cidade para fundarem, nas dependências do Colégio Nossa Senhora da Conceição,
uma sociedade científico-literária para “melhor comemorar a recordação de nossa
emancipação política”.
Foi assim que,
neste dia, foi fundada a Sociedade Literária Etnográfica Santarena. Segundo
João Barbosa Rodrigues, presente ao ato, deveria ter a finalidade de “por meio
da palavra e escritos, estudar-se os fatos da nossa história, principalmente os
da província do Pará; a história, usos e costumes das tribos indígenas já
extintas e das atuais; assim como a literatura pátria; promovendo a criação de
um pequeno museu e de uma biblioteca, a princípio privativa dos sócios, depois
popular”.
Como presidente
ficou escolhido o sr. Barão de Santarém, como 1º secretário o dr. Oliveira
Miranda e como 2º secretário o sr. Oliveira Campos.
Foi assim, que
foi celebrado o 7 de setembro de 1872, na nossa querida cidade de Santarém...
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