sábado, 1 de setembro de 2018

SANTARÉM: 1872 – As comemorações do cinquentenário da Independência


Por: Pe. Sidney Augusto Canto

As comemorações do cinquentenário da “Independência do Brasil” em Santarém foram marcadas por um caráter cívico, político e cultural.

Na noite anterior (06 de setembro de 1872) o Barão de Santarém preparou uma grande “reunião” para saudação do dia 07 de setembro. Grande parte dos políticos, povo, militares, participaram desta homenagem que, saindo do palacete do Barão, percorreu as ruas de Santarém, com a participação da Banda de Música do 26º Batalhão da Guarda Nacional, restaurada pelo Tenente Joaquim Rodrigues dos Santos, então comandante do referido Batalhão. 

Ao som de marchas tocadas pela Banda, os pelotões do 26º Batalhão, portando Bandeiras do Império, percorreram as ruas da cidade de Santarém. Foram feitas paradas na casa do Vigário Geral do Baixo Amazonas, Mons. José Gregório Coelho (que proferiu discurso alusivo ao evento), à sede do Jornal “Baixo Amazonas” e também no Colégio Nossa Senhora da Conceição, onde a maior parte dos alunos cantou o Hino Nacional, ao som de flautas tocadas por outros alunos do referido educandário. Foi, na ocasião, lida uma poesia pelo colegial Joaquim Colares, além da palavra de diversas personalidades locais.

O cortejo encerrou-se em frente ao Palacete do Barão de Santarém. É interessante notar que naquele mesmo dia, outro grupo de pessoas (adversários do Barão, talvez) também percorreram as ruas de Santarém, acompanhados de outra Banda de Música, com muitos foguetes e sons de Vivas ao Imperador, ao Império, à Religião Católica, etc...

No dia seguinte, realizaram-se as eleições para vereadores e juízes de paz. O dia foi tomado pelas votações. A vitória coube facilmente ao Partido Conservador (o partido Liberal era incipiente no município, mas fazia muito barulho). Foram eleitos vereadores: Barão de Santarém, Joaquim Rodrigues dos Santos, Francisco Caetano Corrêa, José Thomaz da Silva, Manoel Luiz de Sousa, João Victor Gonçalves Campos, José Joaquim da Silva, Jeronimo Gentil Junior e João da Costa Pereira. Para Juízes de Paz, foram eleitos: José Joaquim Pereira Macambira, Manoel S. Moraes Sarmento, Manoel Caetano Corrêa, Ignácio José Corrêa.

Na noite do dia 07, após as eleições, por iniciativa dos senhores Barão de Santarém, Arcedíago Dr. José Gregório Coelho, tenente-coronel Joaquim Rodrigues dos Santos, do médico Dr. Antonio Joaquim Gomes de Amaral, do naturalista João Barbosa Rodrigues, entre outros, foram convidados as pessoas mais representativas da cidade para fundarem, nas dependências do Colégio Nossa Senhora da Conceição, uma sociedade científico-literária para “melhor comemorar a recordação de nossa emancipação política”.

Foi assim que, neste dia, foi fundada a Sociedade Literária Etnográfica Santarena. Segundo João Barbosa Rodrigues, presente ao ato, deveria ter a finalidade de “por meio da palavra e escritos, estudar-se os fatos da nossa história, principalmente os da província do Pará; a história, usos e costumes das tribos indígenas já extintas e das atuais; assim como a literatura pátria; promovendo a criação de um pequeno museu e de uma biblioteca, a princípio privativa dos sócios, depois popular”.

Como presidente ficou escolhido o sr. Barão de Santarém, como 1º secretário o dr. Oliveira Miranda e como 2º secretário o sr. Oliveira Campos.

Foi assim, que foi celebrado o 7 de setembro de 1872, na nossa querida cidade de Santarém...

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