segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Uma descrição da Comarca de Santarém em 1843


Na comarca do Baixo Amazonas existem as populosas vilas de Santarém e de Óbidos: esta tem por comandante militar o major João da Gama Lobo Bentes, que é igualmente comandante do batalhão da guarda policial desse município; e aquela, que serve de cabeça à comarca, tem um batalhão da guarda policial, do qual é comandante o major Joaquim Rodrigues dos Santos, que guarnece o município; aí (em Santarém) tem residência o comandante militar do Amazonas, que é o coronel graduado Manoel Muniz Tavares, e está estacionado o 4º Batalhão de Caçadores de Linha, do comando do dito coronel. À margem esquerda do Amazonas, próximo a Óbidos, está um pequeno forte, de há muito abandonado, que guardava a boca do interessante rio Trombetas. Em Santarém, uma fortaleza que domina a vila, apenas serve atualmente de prisão militar.

No rio Tapajós, habitado por tribos Mundurucus e Maués, em o lugar de Itaituba, está colocado um destacamento, que serve de proteger o comércio desta Província com a de Cuiabá, e as justiças locais em tão remotas paragens. Para tanta urgência é diminuto esse destacamento, que converia ser elevado a maior número de praças, mormente se o Governo para ali mandar missionários sacerdotes que promovam aldeamentos.
Na vila de Monte Alegre existe um pequeno destacamento que, em verdade, por diminuto não pode satisfazer os fins de seu estabelecimento, que é proteger as justiças, coadjuvar o estabelecimento da serraria de cedros que, não obstante ser atualmente de pouca, ou nenhuma vantagem, pelo modo por que é administrado, merece, todavia, menção e atenção militar, por ser estabelecimento do Governo.

NOTA: A presente descrição é trecho de um relatório sobre a situação da Província do Grão-Pará, escrita em Belém, a 22 de março de 1843, pelo brigadeiro Francisco Sérgio de Oliveira, Comandante de Armas da Província, na ocasião em que o mesmo passou o comando para seu sucessor.


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