terça-feira, 2 de outubro de 2018

Ata da Sessão extraordinária da Câmara de Pauxis sobre o seu plano de defesa adotado contra os cabanos – 1835

Aos vinte e nove dias do mês de março do ano de mil e oitocentos e trinta e cinco nesta Vila de Pauxis em as casas que servem para as sessões da Câmara estando reunidos o Presidente e Vereadores abaixo assinados declarou o Presidente aberta a Sessão, compareceram todas as Autoridades; e mais cidadãos abaixo assinados e expondo o Presidente as suas deliberações e o plano de defesa apresentado pelo reverendo Vigário desta Vila na Sessão extraordinária do dia vinte e sete do mês de março e o da Vila de Tapajós exarado na Ata da Sessão daquela Câmara de vinte do dito mês enviado com ofício de vinte e um do dito, discutindo eles entre si e com a mesma Câmara o melhor método de aprovação foram afina de unânime acordo adotar-se o do supradito Vigário por ser extensivo à salvação de toda a Comarca, pois que mostrando a experiência que os inimigos da Lei e da Ordem estão espalhados por toda a parte é necessário que todos os Municípios se liguem para uma defesa comum e que para o expediente necessário se lançasse mão dos Cofres Nacionais deste Município e se pedisse a coadjuvação daqueles mais vizinhos, quando assim o exigisse a necessidade, comunicando tudo ao respectivo Governo, logo que revivesse o Império da Lei pedindo-se-lhe fosse levado em conta esta despesa que assim o exigiu a salvação pública, obrigando-se eles quando por ventura o Governo não aprovasse com razões justas e convenientes a pagarem por uma subscrição proporcionadas aos seus teres sendo esta feita por todos os habitantes deste mesmo Município; assim mais propôs o reverendo Vigário e se apoiou que se levasse ao conhecimento das Câmaras vizinhas esta resolução fazendo-lhe ver que muito interessava a nossa segurança pública na sua aprovação conferindo-se aos respectivos eleitores os poderes necessários para planificarem no colégio a consolidação do Provisório Governo de que se trata: opinou o Juiz de Paz se lavrasse esta Ata por cópia e por via de um Oficial de confiança dos Guardas Nacionais ao conhecimento do comandante militar do Alto Amazonas e Juiz de Direito pedindo-se àquele a prestação de duas peças de artilharia de suficiente calibre e trinta armas completas e o cartuchame para uma tão justa como necessária defesa foram todos de idêntica opinião e se resolveu requisitar ao major dos Guardas Nacionais este Oficial;

foi também por unânime acordo deliberado que se fizesse recolher à Vila o coletor das rendas públicas, Felisberto José Tavares, que se achava fora dela para pronta presteza às necessárias; propor o Promotor do Conselho de Disciplina, o cidadão Martinho da Fonseca Seixas, que se achava suspenso de suas garantias políticas por uma pronúncia que se lhe tinha feito no Juízo de Paz, por a votação o Presidente, outro em seu lugar e foi unanimemente o cidadão Manoel Batista Ramos, por isso se oficiou para vir na Sessão extraordinária do dia da manhã a prestar seu juramento: ofereceu-se o cidadão Antônio Salgado dos Santos Guimarães, para ir à comissão da Vila de Faro, sobre a comissão acima referida, e para a Vila de Tapajós ficasse de quanto antes fazer a mesma enviatura; propor mais o cidadão capitão Martinho da Fonseca Seixas que se fazia necessário oposição de vinte Índios nesta Vila para fornecimento do expediente da Câmara, e incumbiu-se este negócio à consideração dos Juízes de Paz e Municipal, propor finalmente o dito, digo, o mesmo capitão Martinho da Fonseca Seixas que contudo era de opinião nomear-se uma comissão para examinar um e outro plano e dar sobre ele seu parecer, acrescentando, ou diminuindo, ou aprovando no tudo qualquer deles, foi da mesma opinião unicamente o Juiz de Paz por isso não teve lugar a Comissão, e como não ocorresse mais nada declarou o Presidente fechada a sessão que de tudo se lavrou a presente Ata que assinarão, e eu Raimundo José de Castro, Secretário da Câmara que a escrevi. Picanço, Presidente – Printes – Amorim – Seixas – Lopes. Está conforme – Raimundo José de Castro. Conforme – Francisco José Lopes, Secretário da Câmara de Vereadores de Faro.

NOTA: Este documento faz parte dos anexos de minha obra inédita: “Cabanagem no Baixo Amazonas e Tapajós”.


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