As comemorações
das bodas de diamante da Prelazia de Santarém culminaram com uma noite de festa
singular, em que brilhou não somente o ardor religioso católico da Pérola do
Tapajós como também pela demonstração de cultura local.
Mais de 15 mil
pessoas aglomeraram-se na praça Monsenhor José Gregório para assistir à missa
concelebrada pela passagem dos 75 anos da mais antiga Prelazia do Brasil
instituída em 1903, pelo papa Pio X. O ato religioso foi presidido pelo
arcebispo de Belém, dom Alberto Ramos e dele tomaram parte com celebrante
titular, da prelazia de Santarém dom Tiago Ryan e os prelados de Óbidos, Mons.
Martinho Lammners , de Macapá, dom José Maritano e o presidente da Comissão
Episcopal Norte II, dom Angelo Frosi. Ao lado dos bispos, 34 sacerdotes
concelebraram o ato litúrgico.
No sermão que
fez, dom Alberto teceu rápido histórico da Prelazia de Santarém, relembrando as
figuras de dom Frederico Costa, o primeiro prelado, dom Amando Bahlmann, dom
Anselmo Pietrulla, dom Floriano Loewenau. Reverenciou a todos e, num gesto de
retórica, disse “ter ímpetos de beijar
este chão”, diante do pórtico da Catedral da Imaculada Conceição, por onde
passaram homens da estatura de Amando Bahlmann e Frederico Costa. Para dom
Tiago, tratou-se de uma festa em família, pois segundo sua explicação, a
Prelazia de Santarém e filha da Província Eclesiástica de Belém. Por sua vez,
as Prelazias de Xingu, cujo titular, Eurico Krautler, não pôde estar presente,
por doença, Óbidos e Amapá são filhas da de Santarém, de onde foram
sucessivamente desmembradas.
Ao final da
missa solene foi feito o lançamento do livro “Alvorecer de uma Igreja”, de
autoria de João Santos. O livro (o anuário em edição especial de 75 anos) foi
apresentado pelo presidente da Sociedade Cultural e Literária de Santarém,
bacharel Carlos Mendonça, que destacou para todos que o ouviam os principais
trechos da obra. Outro destaque da noite foi a apresentação da banda de música
Professor José Agostinho, sob a regência de Wilde da Fonseca. Finalmente a
noite foi encerrada com um recital do coral de Santarém, no interior da
catedral, sob a regência do mesmo maestro e tendo ao piano seu irmão Wilson
Fonseca. Um vasto repertório de composições de autores da terra foi então
apresentado. A festa dos 75 anos de fundação da Prelazia de Santarém
transformou-se assim, numa festa de cultura, coisa que a tempos não se via na
cidade.
NOTA: Publicado
no Jornal do Baixo Amazonas de 01 de outubro de 1978.
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