domingo, 24 de maio de 2020

O “Ferrolho” da Matriz de Santarém


Há muitos anos os habitués da nossa Matriz, vem notando que um lado da porta principal esquerda de entrada na Igreja, mesmo nas grandes solenidades, se conserva sempre fechado, assim como quem tem saudades de gesto idêntico, que marcou por longo tempo, o desgosto da Santa Sé pela contenda, felizmente em boa hora resolvida (e aqui já festejada) com o governo italiano. Mas o caso é outro ao que sabemos, devido a argucia do nosso cândido Saulo (cá de casa).

A briga realmente existe, mas com os ferreiros da terra. Tempos atrás, esse nosso companheiro foi Diretor de uma festividade e, naturalmente, ficou intrigado com o caso do lado da porta estar fechado, resolveu sondar o porquê e foi feliz.
Verificou então que o amado frei Bernardino tem razão, o ferrolho da referida porta está sem cabeça, enferrujado e difícil de manejar.
Daí, todas as noites, durante a festividade, o nosso Saulo arranjava um meio de suspender o resto do ferrolho, abrir a porta, deixando o resto do serviço (o de fechar) a frei Bernardino, que não gostava da brincadeira!
Agora que a mais antiga pendência católica foi resolvida na Itália, é justo que, amanhã ainda não, mas no próximo domingo, feitas as pazes com os senhores ferreiros, tenhamos a satisfação de encontrar abertas, de par em par, as três portas do nosso augusto templo!
O simpático amigo MUCUIM, conhecido operário proprietário da oficina de ferreiro da travessa dos Mártires, um dos especialistas na matéria, sem dúvida tomará a ombros a mussolinica tarefa de harmonizar as coisas, repondo gratuitamente (p’ra Deus lhe ajudar) a cabeça que falta ao ferrolho da porta da Igreja. Bravos... mãos à obra, mestre MUCUIM.

NOTA: Texto extraído do jornal “A Cidade” de 23 de março de 1929.

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