segunda-feira, 30 de abril de 2018

Artigo: A Fonte do Cooperativismo


Por Anysio de Vasconcelos Chaves

Sinto que vou falar ao que Santarém tem de mais notável, de mais nobre e de mais útil em sua população, tendo, portanto, a impressão de que me dirijo a um povo generoso e bom, que me recebeu aqui a 43 anos, e com o qual diz-me a consciência que tenho vivido fraternalmente.
No constante propósito de dizer a verdade, quero ferir um ponto capital de nossas convicções, um assunto que nos deve orientar na vida, para que não sejamos loucos, nem fátuos, nem imprudentes.
Quero falar do que chamamos Pátria, deste Grande Brasil, legado heroico da descoberta portuguesa, do trabalho e da bravura dos nossos maiores, para chegar ao ponto em que nos encontramos, cheios de fé e de esperança no seu atual Governo, no Governo da Nação Imensa, que não nos é dado conhecer nos seus detalhes, mas que deve de ser objeto do nosso orgulho, do nosso amor e do nosso sacrifício.

Quero referir-me à Pátria Grande, que hoje nos governa como Estado Autoritário, a exemplo de outros povos e de outras raças, e quero também referir-me a esta pátria pequenina, que é Santarém, que nós conhecemos desde a infância, nos achando perfeitamente identificados com o seu clima, com a sua natureza, com o seu território, e irmanados no seu progresso e civilização.
Este é o lugar onde vivemos, onde nascemos, onde dormem os despojos preciosos de nossas famílias, e onde, sobretudo, nos deixamos ficar por nos sentirmos felizes como pessoas humanas, amantes da paz, da liberdade e do progresso.
Pois bem, a esta pátria de nascimento ou de adoção, a essas pátrias ordinariamente pequeninas, sem nenhuma espécie de ambição ou de orgulho de raça, vivendo da colaboração direta e efetiva de todos os seus elementos, para solução dos seus problemas sociais, é que se refere o eloquente provérbio latino: “Ubi bene ibi patria”. Onde a gente sente-se bem, aí é a pátria.
A verdade deste postulado se impõe, principalmente no momento atual dos grandes massacres políticos, criados pela competição e pelo orgulho dos povos, que não creem em Deus, imbuídos da sua grandeza e poderio, da sua ação violenta, vitoriosa, inexpugnável!... Que o nosso querido Brasil possa ser, de fato, a palavra dessas pátrias pequeninas, verdadeiros ninhos de brasileiros, espalhados pelo território nacional, imenso e riquíssimo.

NOTA: Artigo escrito e datado de 14 de julho de 1941.


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