Fundadora da
“Legião Feminina do Tapajós” de cuja sociedade somos primeira secretária, não é
sem pesar que ouvimos vários comentários concernentes à nossa Associação, o que
nos magoa sobremodo porque deriva de pessoas que conhecem o programa que com
tanto esforço traçamos, programa esse que, se não temos cumprido como é nosso
desejo – pelo menos em se tratando dos pobres – é devido a falta de um auxílio
visto que somente o produto de nossas mensalidades não nos ajuda.
Admiramo-nos
bastante que pessoas sensatas, que se dizem filantrópicas – mas que essa
virtude passa ao longe – sem assunto com que possam entreter o tempo venham se
ocupar de nossa sociedade com pessoas que a detestam.
Pelo desejo dos
que se dizem amantes do progresso – mas que desconhecem como seja o verdadeiro
progresso – a “Legião”, essa plêiade de heroínas, de moças sem cultivos
intelectuais, mas dotadas de sentimentos altruísticos, com os mil falatórios
que aparecem há muito devia estar aniquilada, mas esses preconceitos gratuitos,
cada vez nos dão forças para levarmos avante o nosso ideal, a nossa cruz ao
Calvário, porque a nossa divisa é uma só: socorrer os pobres que temos sobre a
nossa proteção!
Que importa que
alguma consorcia pelo simples fato de não mais se envolver em coisas que dizem
respeito à nossa sociedade, diga a este ou àquele que promovemos festas em
benefício dos pobres e com o produto arrecadado fazemos festas no “Tapajós Yole
Club”?
Não queremos em
nosso meio constrangimento, quem não quiser mais fazer parte da “Legião”, peça
a sua eliminação do quadro das sócias, do que procurar implantar discórdia no
seio de uma sociedade bem dirigida, com contos prejudicáveis, embora mesmo
ditos por graça.
Que digam as
ex-presidentes, senhoras Ubaldina Santos e Herundina Alves, o que fizeram do
dinheiro das festas promovidas em benefício dos pobres, a primeira quando da
fundação da “Legião”, de 09 de maio a 31 de dezembro de 1920; a segunda, de 1º
de janeiro a 23 de junho de 1921?
Esse dinheiro
não foi empregado em fazenda para o distribuir aos pobres?
Temos certeza
que foi esse o destino que deram ao dinheiro e, no entanto, na gestão da atual
presidente, senhora Lena Sussuarana de Vasconcelos, que tem sido o braço forte
da “Legião Feminina” e que se encontra no cargo de presidente desde 24 de junho
de 1921, e que tem seguido o exemplo das outras, promovendo festas caridosas em
benefício dos pobres, como todos sabemos, a dedicação, o esforço com que se
dedica à nossa sociedade e aos nossos pobres, acham os interessados pela
“Legião” que o dinheiro que dizemos para os pobres é para fazer festas.
É preciso que
acabe tal despeito e para que todos fiquem sabendo o que fizemos do dinheiro da
quermesse levada à efeito na Praça Monsenhor José Gregório, em a noite de 24 do
mês próximo findo, vamos dar uma satisfação aos interessados.
Total líquido da
quermesse: 71$300
Compras: fazenda
para ser distribuída no dia de Reis, somente aos pobres da “Legião Feminina”,
nas casas comerciais “Primavera” e “Castello”, conforme notas que apresentamos
a quem quiser: 62$900
Luz elétrica:
8$000
Um carregador
(mesa) $400
Total das
despesas: 71$300
Pelo relatório
acima estão pois cientes todos do que se fez do dinheiro da quermesse, e convém
que todos saibam que o “Tapajós Yole Club” que nos auxilia muito, não precisa
do nosso auxilio para promover festas, mas da nossa presença às festas, e que
apenas dispomos de dinheiro quando se trata da posse, conforme rezam os
Estatutos, assim mesmo quando fazemos conjuntamente. Para mais esclarecimentos
procurem se entender com a tesoureira Carmem Frazão, ou na secretaria com a
Floralia do
Amazonas.
NOTA: Publicado
no Jornal A Cidade de 06 de janeiro de 1923.
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