sábado, 28 de abril de 2018

Sobre a “Legião Feminina do Tapajós” – 1923


Fundadora da “Legião Feminina do Tapajós” de cuja sociedade somos primeira secretária, não é sem pesar que ouvimos vários comentários concernentes à nossa Associação, o que nos magoa sobremodo porque deriva de pessoas que conhecem o programa que com tanto esforço traçamos, programa esse que, se não temos cumprido como é nosso desejo – pelo menos em se tratando dos pobres – é devido a falta de um auxílio visto que somente o produto de nossas mensalidades não nos ajuda.
Admiramo-nos bastante que pessoas sensatas, que se dizem filantrópicas – mas que essa virtude passa ao longe – sem assunto com que possam entreter o tempo venham se ocupar de nossa sociedade com pessoas que a detestam.

Pelo desejo dos que se dizem amantes do progresso – mas que desconhecem como seja o verdadeiro progresso – a “Legião”, essa plêiade de heroínas, de moças sem cultivos intelectuais, mas dotadas de sentimentos altruísticos, com os mil falatórios que aparecem há muito devia estar aniquilada, mas esses preconceitos gratuitos, cada vez nos dão forças para levarmos avante o nosso ideal, a nossa cruz ao Calvário, porque a nossa divisa é uma só: socorrer os pobres que temos sobre a nossa proteção!
Que importa que alguma consorcia pelo simples fato de não mais se envolver em coisas que dizem respeito à nossa sociedade, diga a este ou àquele que promovemos festas em benefício dos pobres e com o produto arrecadado fazemos festas no “Tapajós Yole Club”?
Não queremos em nosso meio constrangimento, quem não quiser mais fazer parte da “Legião”, peça a sua eliminação do quadro das sócias, do que procurar implantar discórdia no seio de uma sociedade bem dirigida, com contos prejudicáveis, embora mesmo ditos por graça.
Que digam as ex-presidentes, senhoras Ubaldina Santos e Herundina Alves, o que fizeram do dinheiro das festas promovidas em benefício dos pobres, a primeira quando da fundação da “Legião”, de 09 de maio a 31 de dezembro de 1920; a segunda, de 1º de janeiro a 23 de junho de 1921?
Esse dinheiro não foi empregado em fazenda para o distribuir aos pobres?
Temos certeza que foi esse o destino que deram ao dinheiro e, no entanto, na gestão da atual presidente, senhora Lena Sussuarana de Vasconcelos, que tem sido o braço forte da “Legião Feminina” e que se encontra no cargo de presidente desde 24 de junho de 1921, e que tem seguido o exemplo das outras, promovendo festas caridosas em benefício dos pobres, como todos sabemos, a dedicação, o esforço com que se dedica à nossa sociedade e aos nossos pobres, acham os interessados pela “Legião” que o dinheiro que dizemos para os pobres é para fazer festas.
É preciso que acabe tal despeito e para que todos fiquem sabendo o que fizemos do dinheiro da quermesse levada à efeito na Praça Monsenhor José Gregório, em a noite de 24 do mês próximo findo, vamos dar uma satisfação aos interessados.
Total líquido da quermesse: 71$300
Compras: fazenda para ser distribuída no dia de Reis, somente aos pobres da “Legião Feminina”, nas casas comerciais “Primavera” e “Castello”, conforme notas que apresentamos a quem quiser: 62$900
Luz elétrica: 8$000
Um carregador (mesa) $400
Total das despesas: 71$300
Pelo relatório acima estão pois cientes todos do que se fez do dinheiro da quermesse, e convém que todos saibam que o “Tapajós Yole Club” que nos auxilia muito, não precisa do nosso auxilio para promover festas, mas da nossa presença às festas, e que apenas dispomos de dinheiro quando se trata da posse, conforme rezam os Estatutos, assim mesmo quando fazemos conjuntamente. Para mais esclarecimentos procurem se entender com a tesoureira Carmem Frazão, ou na secretaria com a
Floralia do Amazonas.

NOTA: Publicado no Jornal A Cidade de 06 de janeiro de 1923.


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