Em janeiro, o
Asilo de São Vicente, desta cidade, completou um ano de existência. Levantado
pelos Vicentinos, tem por finalidade abrigar a velhice desamparada e aliviar,
conforme os recursos, a pobreza extrema de nossos irmãos.
Ainda não estava
pronto e já abrigava os primeiros asilados no princípio do ano p.p. que,
entretanto, ainda tinham de esmolar nas ruas para adquirir os alimentos
necessários ao sustento. No decorrer do ano, porém, foi garantida a alimentação
destes asilados por meio de contribuições semanais de muitos benfeitores,
contribuições estas que agora se elevam a Cr$ 600,00 por semana.
Quando o número
dos asilados chegou a 20 pessoas, tornou-se imperioso começar a construção do
novo pavilhão, que foi iniciado em junho do ano p.p. existindo apenas Cr$ 50,00
no cofre. Graças ao espírito generoso de muitos benfeitores, entre eles D.
Anselmo, o sr. Prefeito Municipal, o sr. Farias, o sr. Raimundo Figueira, o sr.
Bemerguy de Itaituba, entre outros, o pavilhão, no fim do ano, estava coberto de
telhas, medindo 20 metros de comprimento e 6 de largura.
Neste pavilhão,
provisoriamente instalada a cozinha e o refeitório, e foi contratada uma
cozinheira para preparar a comida.
A administração
do Asilo está confiada a A. Francisca Figueira que, com muito zelo e dedicação,
cuida do bem estar dos asilados, ficando, porém, a responsabilidade do Asilo à
Diretoria da Conferência Vicentina.
No ano passado
faleceram 05 asilados que, todos, já tinham entrado com doenças graves e
incuráveis, porém, precisamos frisar aqui que não podem ser admitidas no Asilo
pessoas doentes, porque a finalidade do Asilo não é curar doentes, mas, sim,
amparar pobres e velhos.
Em meio do ano
passado, a Diretoria, confiando na generosidade dos santarenos, começou também
a distribuir esmolas aos pobres da cidade, a fim de diminuir a mendicância na
cidade. Porém, em dois meses, o número destes atingiu 40 pessoas, e as dívidas
se elevaram a mais de Cr$ 6.000,00 de forma que, muito a contragosto, foi
suspensa a distribuição destas esmolas.
Este ano,
estamos aguardando a subvenção de Cr$ 1.000,00 mensais, votada no orçamento do
Estado, graças a boa vontade do Governo. Do município já estamos recebendo Cr$
500,00 mensais, também votados no orçamento do município.
A todos os
benfeitores e contribuintes, principalmente às zeladoras que, abnegadamente
percorrem semanalmente as casas, recolhendo as contribuições, desejamos
abundantes bênçãos de Deus e fazemos votos que todos continuem e não se deixem
desanimar pelas dificuldades, para que o Asilo possa continuar a viver e ainda
ser ampliado de acordo com os planos, pois faltam ainda dois pavilhões, um para
senhoras e outro para refeitório e cozinha.
Frei Franciso
José Goede, OFM
NOTA: Publicado
no Jornal de Santarém de 19 de fevereiro de 1949.
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