terça-feira, 24 de março de 2020

Magalhães Barata e uma história de Monte Alegre


Disse-nos inicialmente o Cel. Barata:
“Minha principal preocupação é dificultar a permanência de colonos nas cidades, extinção da continuação do latifúndio, sendo o Pará e o Amazonas os únicos Estados que podem se orgulhar por serem os únicos onde não existe o trabalho rural de “meias” (termo caboclo). Por isso, não vemos, paraenses e amazonenses, a não ser da classe média, pelo Sul. Os paupérrimos ou lavradores são persuadidos a não deixarem a terra. O Instituto Agronômico do Norte, tendo à frente o sr. Felisberto Camargo, infelizmente não tem podido fazer muito porque a ignorância ainda não foi vencida. Narremos aqui uma história absolutamente verídica passada em Monte Alegre, no Pará:

Mora no local denominado “Serra Preta”, um homem chamado Francisco Queirós, cearense que possui cinco filhos analfabetos como ele. Queirós tinha ido à feira para verificar os preços. O tabaco havia melhorado de preço. Cada arroba estava sendo vendida a Cr$ 175,00. Queirós, que tinha algumas, regressou e ordenou aos filhos que fossem ao mercado com a recomendação de não venderem por um tostão a menos o produto do trabalho. Disse textualmente: “Digam que não são tolos, que o preço é 175 mil réis, e pronto”. Ao chegaram à feira, o comprador ofereceu-lhe trezentos cruzeiros por cada arroba. A isso responderam com um sorriso os rapazes: Tempo de bobo já se acabou, se quiser é cento e setenta e cinco! De volta à casa contaram triunfantes a “façanha” ao pai que quase morre de desgosto.
Portanto, vejamos: é ou não é a ignorância fator principal do problema migratório? Quando extirparmos esse mal fundamental, então os homens saberão o que devem fazer”.

NOTA: Texto extraído do “A Noite Ilustrada” de 04 de abril de 1950.

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