Disse-nos
inicialmente o Cel. Barata:
“Minha principal
preocupação é dificultar a permanência de colonos nas cidades, extinção da
continuação do latifúndio, sendo o Pará e o Amazonas os únicos Estados que
podem se orgulhar por serem os únicos onde não existe o trabalho rural de “meias”
(termo caboclo). Por isso, não vemos, paraenses e amazonenses, a não ser da
classe média, pelo Sul. Os paupérrimos ou lavradores são persuadidos a não deixarem
a terra. O Instituto Agronômico do Norte, tendo à frente o sr. Felisberto
Camargo, infelizmente não tem podido fazer muito porque a ignorância ainda não
foi vencida. Narremos aqui uma história absolutamente verídica passada em Monte
Alegre, no Pará:
Mora no local
denominado “Serra Preta”, um homem chamado Francisco Queirós, cearense que
possui cinco filhos analfabetos como ele. Queirós tinha ido à feira para
verificar os preços. O tabaco havia melhorado de preço. Cada arroba estava
sendo vendida a Cr$ 175,00. Queirós, que tinha algumas, regressou e ordenou aos
filhos que fossem ao mercado com a recomendação de não venderem por um tostão a
menos o produto do trabalho. Disse textualmente: “Digam que não são tolos, que
o preço é 175 mil réis, e pronto”. Ao chegaram à feira, o comprador ofereceu-lhe
trezentos cruzeiros por cada arroba. A isso responderam com um sorriso os
rapazes: Tempo de bobo já se acabou, se quiser é cento e setenta e cinco! De
volta à casa contaram triunfantes a “façanha” ao pai que quase morre de
desgosto.
Portanto,
vejamos: é ou não é a ignorância fator principal do problema migratório? Quando
extirparmos esse mal fundamental, então os homens saberão o que devem fazer”.
NOTA: Texto
extraído do “A Noite Ilustrada” de 04 de abril de 1950.
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