quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Bisbilhotices no Arraial da Padroeira


Saída da Matriz, após a novena, Mademoiselle procurava, tão preocupada, a criatura dos seus meigos olhos...
A “Sinphonia Franciscana”, nesse momento, ataca o sensacional sambinha “Meu Periquito” e mlle. ansiosa por encontrar aquilo que procurava, suspirou tristonha e abancou-se para melhor sentir o amargor de uma ausência dolorosa...
Passa uma sirigaita conhecida de mlle. e, ao reconhece-la, senta-se ao seu lado a indagar o motivo de tanta tristeza em uma noite tão cheia de encantos: música, flores, almofadinhas e melindrosas a gozarem docemente o prazer da vida...
Ei-lo que passa! Oh! Santo Deus! O coração de quem muito sofre, se transforma rapidamente! E mlle. que momentos antes era toda tristeza, agora treme de júbilo e ninguém mais do que ela sente a verdadeira sensação do amor...

O marmanjo, que demonstra estar “liso” que só o “poxa-poxa” da “Mãe do Campo”, suspira, geme e anda quase a chorar, temendo que a pequena se lembre de pedir uma cervejinha gelada do Idalécio, ou um saboroso chocolate do amável professor Carvalho. Que enrascação, meu Deus! E ainda querem fazer fitas nestes tempos tão bicudos em que o comerciante, coitado, contempla num sorriso de defunto, os janotas perfumados, chics a passearem no arraial, ao lado de suas melindrosas, e a conta a gemer no borrador, sem esperanças de liquidação.
E tudo é assim! O mundo é dos mais espertos. Que ninguém esmoreça! Passemos bem; usemos a melhor roupa; e quem for tolo que se lixe!...

NOTA: Publicado no jornal A Cidade de 11 de dezembro de 1926. O autor utilizou o pseudônimo de “Zé Minhoca”.

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