quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Informações sobre Saúde Pública em 1861


Não temos, graças á protecção divina, a lamentar epidemias n'esta provincia; nem por isso, porém, se pode considerar lisongeiro o estado de sanidade. Com effeito, nos municipios de Monte-Alegre, Alemquer e Obidos apparecerão em maio algumas catharraes ligeiras e febres, ora intermittentes e benignas, ora de máo caracter, degenerando esta muitas vezes em febre amarella.
Estas diversas molestias acommetterão a quasi todos os moradores da povoação da Prainha, cujo numero é avaliado em 150 pessoas, tendo fallecido de maio até 28 de julho cerca de 17.

Os meus antecessores, attendendo ás requisições, que lhes forão feitas, providenciárão do modo que lhes pareceo mais acertado, mandando para aquelles lugares os doutores José Vivissimo de Mattos, medico da colonia, militar de Obidos, e Marcelo Lobato de Castro: o primeiro para Monte-Alegre e Prainha e o segundo para Alemquer e Obidos, d'onde regressou, tendo affirmado, que a sua presença n'aquelles logares tornava-se desnecessaria.
Sem deixar de reconhecer o acerto das providencias tomadas anteriormente, e mesmo sem poupar meio algum com que possa soccorrer aos enfermos indigentes, estou com tudo persuadido de que o susto do povo é, em muitas occasiões, maior do que a intensidade do mal, e que nos habitos de uma vida solta e nunca cautelosa dos individuos, principalmente dos descendentes da raça indigena, está uma das causas principaes do mesmo mal.

NOTA: Texto publicado no Relatório do Presidente da Província do Pará, Francisco Carlos de Araújo Brusque, em 17 de agosto de 1861.

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