Não temos,
graças á protecção divina, a lamentar epidemias n'esta provincia; nem por isso,
porém, se pode considerar lisongeiro o estado de sanidade. Com effeito, nos
municipios de Monte-Alegre, Alemquer e Obidos apparecerão em maio algumas
catharraes ligeiras e febres, ora intermittentes e benignas, ora de máo
caracter, degenerando esta muitas vezes em febre amarella.
Estas diversas
molestias acommetterão a quasi todos os moradores da povoação da Prainha, cujo
numero é avaliado em 150 pessoas, tendo fallecido de maio até 28 de julho cerca
de 17.
Os meus
antecessores, attendendo ás requisições, que lhes forão feitas, providenciárão
do modo que lhes pareceo mais acertado, mandando para aquelles lugares os doutores
José Vivissimo de Mattos, medico da colonia, militar de Obidos, e Marcelo
Lobato de Castro: o primeiro para Monte-Alegre e Prainha e o segundo para
Alemquer e Obidos, d'onde regressou, tendo affirmado, que a sua presença
n'aquelles logares tornava-se desnecessaria.
Sem deixar de
reconhecer o acerto das providencias tomadas anteriormente, e mesmo sem poupar
meio algum com que possa soccorrer aos enfermos indigentes, estou com tudo
persuadido de que o susto do povo é, em muitas occasiões, maior do que a
intensidade do mal, e que nos habitos de uma vida solta e nunca cautelosa dos individuos,
principalmente dos descendentes da raça indigena, está uma das causas principaes
do mesmo mal.
NOTA: Texto
publicado no Relatório do Presidente da Província do Pará, Francisco Carlos de
Araújo Brusque, em 17 de agosto de 1861.
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