segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Um depoimento sobre o promotor público de Monte Alegre – 1892

Abaixo publicamos a informação prestada pelo dr. Juiz Substituto da Comarca de Monte Alegre, Climério Jacyntho de Sampaio, sobre os fatos praticados pelo promotor público dessa comarca segundo a cópia que nos foi entregue por um amigo da atual situação, o que significa autenticidade.
Cópia.
Exmo. Dr. Desembargador João H. de Oliveira, DD. Procurador Geral do Estado. Respondendo ao ofício de V. Exa. datado de 9 do p.p. e só hoje recebido de torna-viagem da Capital.

Tendo-me retirado da cidade de Monte Alegre desde 1º de março para vir, por força do art. 4º § único da Lei Judiciária de 14 de Janeiro deste ano, fixar a minha residência neste 2º Distrito Judiciário da Comarca, não posso por certo informar a V. exa. nada de que me pede de visu, mas apenas de ouvir dizer é que vou fazer:
O Promotor Público Manoel Bahia Sosinho, de quem V. Exa. pede informações, me contou em plena audiência nesta Vila, quando aqui veio como Dr. Juiz de Direito para os trabalhos do Jury, que realmente tinha uma menor órfã, mas que não tinha sido o seu deflorador, isto em presença do Intendente Cesário da Silva Figueiredo e de meu escrivão. Disse também que tinha em sentido casar-se com a mesma menor. Não querendo ser eco da voz de ninguém, contudo tenho ouvido dizer por pessoas que privam com aquele funcionário que este é pouco discreto na sua vida, talvez tendo por causa a sua pouca idade. São estas as informações que posso dar porque como já disse, não residindo na sede da Comarca pouca privança tenho com o cidadão Bahia Sosinho e se dou estas informações é porque devo ser verdadeiro para com os meus superiores que depositam em mim a sua distinta confiança e portanto só tenho em mira o dever e a justiça.
(Assignado) Climério Jacyntho de Sampaio.

NOTA: Publicado no jornal Correio Paraense, edição 095, de 1892.


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