sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Artigo: Curiosidades sobre a palavra SAIRÉ

Pe. Sidney Augusto Canto

Ano passado, ao escrever o texto, “O homem que colocou o “Ç” no Sairé”, fui bombardeado de elogios e críticas. Bem, para responder a uma delas, fui atrás e pesquisei sobre esta palavra que, hoje, em nossa região, remete a uma tradição cultural que remonta ao período da catequese dos indígenas. Mas, você sabia que, no decorrer da história, esta palavra teve outros empregos e significados? Vejamos aqui alguns dos mais curiosos:

ACIDENTE GEOGRÁFICO: No século XIX, mais especificamente em 1867, quem andasse pelo município paulista de Iguape, podia visitar um morro, pelas bandas do Ribeira, que tinha o sugestivo nome de Sairé.
SOBRENOME: Na França, em 1871, um famoso aventureiro e ladrão de nome Júlio Alberto Hurel, teve como amante uma mulher de nome Maria Sairé (isso mesmo, Sairé), que lhe convenceu se vestir um galante uniforme para fingir ser um oficial do exército francês.
EMBARCAÇÃO: Se você morasse no Rio de Janeiro da segunda metade do século XIX, mais precisamente pelos anos 1873 e fizesse uma rápida visita ao porto da cidade, poderia visitar e, quem sabe, até mesmo navegar na embarcação francesa “Val de Saire”, usada nas transações do comércio marítimo da época. Entre os produtos mais transportados pela dita embarcação destacavam-se: couros salgados e chifres.
CIDADE: No Estado de Pernambuco, quem quiser chupar uma boa laranja, tem que ir até a cidade de Sairé (cujo brasão ilustra esta postagem). A capital da laranja pernambucana possuí até uma PARÓQUIA que, antigamente, mantinha o significativo título de São Miguel Arcanjo de Sairé.
Em todas elas a grafia original está com “S”. Em tempos de debate sobre a grafia, é importante que possamos ampliar a compreensão do termo usado, não somente para a festa, mas também para diversas outras finalidades, seja na França, seja no Brasil, seja na Amazônia.
Por fim, originalmente, em sua PRIMEIRA reflexão sobre a origem da palavra, o próprio Barbosa Rodrigues (o botânico que colocou o “Ç” no Sairé), vinha da palavra francesa SOIRÉE, reunião ou festa social noturna, mas abandonou essa reflexão para tentar enquadrá-la dentro do tupi, acabando por criar o termo “Çairé”, até então, inexistente.


Santarém, 01 de setembro de 2017.

Nenhum comentário:

Postar um comentário