Da diretoria do “União
Sportiva”, de Alenquer, recebeu o sr. Hito Braga, da Delegação Santarense, um
ofício capeando dois papeluchos fescenninos [sic] que daqui foram enviados
àquela agremiação, a propósito do embate de futebol verificado a 18 de janeiro
deste ano entre o Scratch de Santarém e a turma principal do União.
Tivemos
oportunidade de ver os referidos pasquins e não podemos deixar de revoltar-nos
em face de tamanha infâmia, cujo responsável não se pode ainda saber quem seja.
Imorais ao
extremo e contendo, além de figuras obscenas, ofensas pesadas e de baixo calão
aos rapazes do clube alenquerense e às suas gentis prosélitas, – os papeluchos
em questão foram grafados a tinta vermelha e com letras à guisa das de forma. Não
traz assinatura de responsável e não apresenta o menor indício por onde se
possa descobrir o autor da pornografia. O endereço escrito na sobrecarta é datilografado
e é por ai, quiçá, que se há de encontrar o fio da meada, visto como são muito
conhecidos os tipos de máquinas aqui existentes.
Uma coisa
podemos asseverar: é que não vemos em nenhum dos moços da Delegação, um só
capaz de semelhante gesto, que revolta e indigna; qualquer deles tem educação
precisa e não se vai rebaixar ao ponto a que chegou o autor da imunda
pasquinada.
Lamentamos
sinceramente o fato e estamos certos que nenhuma pessoa de bom senso deixará de
fazê-lo, tanto mais quanto, é sabido, o anonimato é arma de que só se servem os
indivíduos de rasteira cotação, dignos êmulos de arrieiros.
Segundo nos
informaram, já os papeluchos estão entregues à polícia, que está interessada em
descobrir o autor ou autores da infâmia.
NOTA: Publicado
no jornal A Cidade de 07 de março de 1925.
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