sábado, 2 de setembro de 2017

Sobre uma contenda entre Santarém e Alenquer – 1925

Da diretoria do “União Sportiva”, de Alenquer, recebeu o sr. Hito Braga, da Delegação Santarense, um ofício capeando dois papeluchos fescenninos [sic] que daqui foram enviados àquela agremiação, a propósito do embate de futebol verificado a 18 de janeiro deste ano entre o Scratch de Santarém e a turma principal do União.
Tivemos oportunidade de ver os referidos pasquins e não podemos deixar de revoltar-nos em face de tamanha infâmia, cujo responsável não se pode ainda saber quem seja.

Imorais ao extremo e contendo, além de figuras obscenas, ofensas pesadas e de baixo calão aos rapazes do clube alenquerense e às suas gentis prosélitas, – os papeluchos em questão foram grafados a tinta vermelha e com letras à guisa das de forma. Não traz assinatura de responsável e não apresenta o menor indício por onde se possa descobrir o autor da pornografia. O endereço escrito na sobrecarta é datilografado e é por ai, quiçá, que se há de encontrar o fio da meada, visto como são muito conhecidos os tipos de máquinas aqui existentes.
Uma coisa podemos asseverar: é que não vemos em nenhum dos moços da Delegação, um só capaz de semelhante gesto, que revolta e indigna; qualquer deles tem educação precisa e não se vai rebaixar ao ponto a que chegou o autor da imunda pasquinada.
Lamentamos sinceramente o fato e estamos certos que nenhuma pessoa de bom senso deixará de fazê-lo, tanto mais quanto, é sabido, o anonimato é arma de que só se servem os indivíduos de rasteira cotação, dignos êmulos de arrieiros.
Segundo nos informaram, já os papeluchos estão entregues à polícia, que está interessada em descobrir o autor ou autores da infâmia.


NOTA: Publicado no jornal A Cidade de 07 de março de 1925.

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