Da “Gazeta de Alenquer”, de sete do corrente, extraímos o
seguinte:
A bordo dos
paquetes “Lábrea” e “Conde d’Eu”, chegaram à 30 de julho e à 1º de agosto corrente, os membros da Comissão
encarregada da abertura da grande estrada, que, partindo desta cidade, deve ir
terminar nos Campos Gerais, pondo o nosso litoral em comunicação com essa zona
privilegiada.
A hora adiantada da noite em que
chegaram esses paquetes não permitiu que, no ato do desembarque do ilustre Sr.
Dr. Couto e seus dignos companheiros, lhes fosse feita a demonstração de
público apreço, que estava planejada, e que, como fora determinado no programa,
ficara adiada para a tarde do dia da chegada do “Conde d’Eu” à 1º.
Desde a antevéspera da entrada dos
paquetes, em que se esperava a Comissão, foram embandeiradas a rua Primeiro de
Maio à começar no Paço Municipal, toda a Rua da República, até o porto de desembarque, em frente a Travessa
da Alegria.
Apesar de noite, quando chegaram os
paquetes, afluiu a eles grande número de cidadãos de todas as classes sociais.
Durante o dia 1º, sentia-se na cidade
um bem estar, um sintoma de festa e de
alegria em que se engolfa a alma da população diante dos grandes e momentosos
acontecimentos.
À tarde, fecharam quase todos os
estabelecimentos comerciais, sendo muito notados os que se conservaram abertos,
e começou a afluir cidadão ao Paço Municipal, em cuja porta tocava a banda do
Atheneu Alenquerense. Às 7 horas da noite, reunidos ali senhoras e cavalheiros,
muito povo, saiu uma comissão que foi
buscar à casa os ilustres srs. drs. Couto e seus companheiros, que fizeram sua
entrada no Paço às 7 e um quarto.
O sr. capitão Intendente Municipal
convidou para presidir a reunião o nosso chefe senador dr. Fulgêncio Simões,
que, acedendo ao convite sentou se à cabeceira da mesa tendo a seu lado o mesmo
Sr. Intendente e o Sr. dr. Eloy Simões, delegado pelo Conselho Municipal para,
em nome do município, saudar a Comissão das Guianas, o que fez com eloquência e
patriotismo. Falou em seguida o Sr. dr. Accioly Lins, juiz de direito da
comarca, que, com entusiasmo e em nome dos seus jurisdicionados, também saudou
a Comissão, hipotecando-lhe seu concurso.
A esses oradores seguiu-se o nosso
ilustre amigo Sr. dr. Couto, digno chefe da Comissão, que em frases eloquentes
agradeceu aquela demonstração de apreço e apoio que a mesma Comissão recebia,
prova inconcussa de que a sociedade alenquerense se achava identificada para
laborar pelo progresso e compreendia perfeitamente o alcance social e econômico
do serviço que se vai realizar.
Após estes discursos o nosso chefe
senador dr. Fulgêncio encerrou a reunião, declarando que aquela modesta festa
tinha cunho especial ─ era sincera; que agradecendo as
referências que os dois últimos oradores
fizeram de seus esforços em prol da ideia que ia realizar-se, tinha a dizer que
não havia senão cumprido o seu dever de alenquerense e de brasileiro, porque a estrada para os
Campos Gerais, nos nossos limites com as Guianas, não era uma simples aspiração
local, era uma providência reclamada pelo interesse público ─ era uma questão de interesse
nacional.
Os oradores, que foram sempre
aplaudidos no correr dos discursos, terminavam erguendo vivas, calorosamente
correspondidos, ao Município de Alenquer, ao patriótico Governador do Estado, à
Comissão das Guianas.
Servido que foi modesto copo d’agua,
saiu-se em passeata pelas ruas da cidade. Em frente à escola regida pela
professora normalista d. Domingas Martins, falou o Sr. professor Raymundo
Vianna, que em nome do professorado saudou a Comissão, erguendo lhe
entusiásticos vivas. Respondeu-lhe o digno chefe da Comissão dr. Couto,
saudando à mocidade alenquerense nas pessoas dos seus inteligentes e dedicados
preceptores.
Ao chegar em frente à nossa oficina,
falou de uma das janelas o artista Manoel Amancio, saudando e erguendo vivas à
Comissão. Agradeceu-lhe o dr. Couto, que entusiasticamente saudou a imprensa,
particularmente esta modesta folha, que levantou o primeiro brado e tem se
mantido no campo da luta pelo grande melhoramento que se vae realizar.
Respondeu-lhe o nosso chefe de redação senador dr. Fulgêncio, que relembrou os
dez anos de luta incessante, em que esta “Gazeta” tendo por bandeira o “cogita
et labora”, pelejou pela ideia hoje vencedora e terminou saudando vivamente a
Comissão e concitando a população a unir-se para secundar o grande
empreendimento que há de levar esta terra ao mais esplendoroso destino.
Continuando a passeata, percorreu mais
algumas ruas e dissolveu se no Paço Municipal, onde em alegre convívio
dançou-se até a meia noite.
Essa manifestação de que foi alvo a
escolhida Comissão, de nota que a sociedade alenquerense, compreendendo o alto
alcance do serviço, muito confia no ilustre dr. Couto e seus dignos
companheiros.
Hurrhah!
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