O Tapajós, de Santarém até Itaituba, é
pouco habitado. À exceção de Alter do Chão, Boim, Aveiro, Itaituba, Brasília
Legal e Urucuriteua [sic], as margens pitorescas deste caudaloso afluente do
Amazonas, oferecem o triste aspecto de uma floresta interminável, só de longe
em longe interrompida por uma palhoça de paupero aspecto.
E’ que a borracha do alto Tapajós,
aniquila a lavoura da zona interior.
A raridade da população traz o
inconveniente de serem essas margens o refúgio predileto dos malfeitores do
Baixo Amazonas, os quais com toda a segurança, abertamente aí vivem com família,
negociando em pleno dia, afrontando a justiça e a moral pública.
Há cerca de cinco anos José dos Santos
matou a cacetadas uma pobre mulher em estado adiantado de gravidez. Até hoje
esse facínora tem vivido impunimente no distrito de Aveiro, no lugar denominado
«Caauaçuipá».
Ambrosio Pio, requestando uma moça,
invadiu-lhe a casa, na ausência dos pais, e como ela resistisse às suas torpes
propostas, assassinou-a, cevando no cadáver ainda quente seus brutais apetites;
em seguida entupiu-lhe as partes pudendas com capim seco! Condenado às galés
pelo Júri, fugiu da cadeia de Santarém e instalou-se no mesmo lugar em que está
José dos Santos.
A polícia, outrora, dizia-se impotente
para capturá-los; cremos que o Sr. desembargador, chefe atual de polícia mostrará
que isso não é impossível a um magistrado, que saiba cumprir com seus deveres.
NOTA: Publicado no jornal Democrata,
edição 91, de 1890.
Até hoje fico em dúvida sobre a correta grafia da citada comunidade, nem os locais sabem ao certo qual é: Cauaçú-Epá, Caucepá, Caixepá, ..., etc (e, agora, "Caauaçuipá").
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