Por Raymundo
Peres
Alta noite
vagueio qual fantasma errante
Nas ruas de
Alenquer em letargo sombrio,
Até que surja o
sol, em pompas, no levante
Glorificando a
terra, iluminando o rio.
Como um seio de
virgem alvo e palpitante
Derramando o
lençol do luar alvadio,
Surge a deusa da
noite ao longe triunfante,
Dominando a
extensão do caminho vazio...
Velam mochos
horrendos no alto da Matriz,
Rolam gritos
humanos, rompem pela praça
Os fantasmas da
morte espreitando o universo.
Enquanto a musa
chora o destino infeliz
D’uma vida
infeliz que a mão divina traça
Dentro do
coração, no cárcere do verso!...
NOTA: Poesia
escrita pelo poeta alenquerense no ano de 1922 e republicada pelo confrade do
IHGTap, Ismaelino Valente, em 1986.
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