sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Momento Poético: Ao nascer do luar

Por Raymundo Peres

Alta noite vagueio qual fantasma errante
Nas ruas de Alenquer em letargo sombrio,
Até que surja o sol, em pompas, no levante
Glorificando a terra, iluminando o rio.

Como um seio de virgem alvo e palpitante
Derramando o lençol do luar alvadio,
Surge a deusa da noite ao longe triunfante,
Dominando a extensão do caminho vazio...


Velam mochos horrendos no alto da Matriz,
Rolam gritos humanos, rompem pela praça
Os fantasmas da morte espreitando o universo.

Enquanto a musa chora o destino infeliz
D’uma vida infeliz que a mão divina traça
Dentro do coração, no cárcere do verso!...

NOTA: Poesia escrita pelo poeta alenquerense no ano de 1922 e republicada pelo confrade do IHGTap, Ismaelino Valente, em 1986.


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