terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Sobre a construção de um Porto para Santarém – 1934


Em cumprimento da missão que lhe foi confiada pelo Governo Federal, de estudar as possibilidades do nosso porto, muito interesse demonstrou o ilustre engenheiro, dr. Mário Parijós, que entre nós há pouco esteve, por que nossa urbe seja dotada dum melhoramento portuário correlativo ao seu crescente progresso comercial e marítimo.
Assim, após fazer os necessários estudos inerentes ao que se projeta em benefício do nosso porto, o dr. Parijós levantou a planta da cidade, colheu importantes dados estatísticos, tudo fez, enfim, no sentido de aparelhar documentação com que se possa pleitear, junto ao Governo Central, o melhoramento em evidência.

Somos dos que não perderam ainda a esperança de ver Santarém dotada de um porto que sirva a corresponder às suas palpáveis necessidades, e eis porque achamos oportuno o ensejo de, aliando todo o nosso patriótico esforço à boa vontade daquele estimado engenheiro patrício, amparar e defender sem tergiversações, a valiosa ideia para a consecução do inestimável empreendimento por todos aspirado.
Se, por motivos independentes de nossa vontade, não é viável, por ora a construção de um cais que orle o nosso amplo e belo porto, o que exigiria fabulosos dispêndios de numerários – pugnemo-nos, ao menos, para que se torne realidade a edificação de um trapiche moderno, com capacidade de atender ao nosso movimento portuário, sem dúvida já é apreciável sob todos os pontos de vista.
A oportunidade que se nos oferece é das melhores, acrescendo levar em conta o interesse que, pela magna causa, demonstrou o dr. Mário Parijós. Juntemos, pois, a nossa decidida ação à do distinto engenheiro, para que nossa terra atinja mais um degrau de progresso nesta memorável hora de engrandecimento em todo o nosso Estado.
Cabe transcrever aqui as impressões que o dr. Mário Parijós exarou no livro de visitas da Prefeitura, por onde se constata haver o ilustre engenheiro salientado as possibilidades de nossa terra para surtos progressistas:
Em novembro de 1934, estive nesta cidade para examinar, de ordem do governo federal, a situação do porto de Santarém, sob seus vários aspectos. Congratulo-me com meus patrícios pelas condições ou possibilidades oferecidas por sua futurosa cidade tapajônica, quer quanto ao seu porto, quer ao que diz respeito à sua localização no vale amazônico.
Um plano urbanístico que envolvesse o desmonte do morro da fortaleza, para traçado de um grande parque, aproveitando, ao demais, o aterro resultante para a construção de uma larga avenida Rio-Mar, que corresse ao longo de seu porto, concorreria para aereamento da parte central da cidade, bem como o aformoseamento da fisionomia litorânea da sala de visita do Amazonas paraense.

NOTA: Publicado no Jornal de Santarém de 17 de novembro de 1934.

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