quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Dez curiosidades sobre a História de Monte Alegre...


Por Pe. Sidney Augusto Canto

01. O pároco liberal de Monte Alegre...
Em 1867, o pároco de Monte Alegre, padre José Vasques da Cunha Pinho, era um sacerdote ligado ao partido Liberal. No ano anterior já havia sido ameaçado pelo Bispo de suspensão de ordens por conta de suas ideias liberais. Conseguiu exercer, além de pároco, a função de vereador. Suas posições liberais atraíram a oposição dos conservadores monte-alegrenses, entre eles o próprio delegado de polícia da Vila, que não pouparam esforços em denegrir sua imagem. No entanto, era o maior aliado do chefe do partido Liberal em Monte Alegre: Antônio José da Gama Malcher.

02. A epidemia de varíola e os socorros públicos...
No ano de 1867, Monte Alegre foi assolada por uma epidemia de varíola. As estatísticas oficiais do ano seguinte falam de 150 infectados na Vila dos quais pelo menos 30 vieram a óbito. O Presidente da Província acorreu com ajuda: medicamentos, gêneros para dietas e algum dinheiro para despesas com aluguel e enfermaria, porém... atento às reclamações emanadas de gente do povo, não as repassou à Câmara da Vila (como fez com diversos outros lugares atingidos pela epidemia), mas a uma comissão nomeada pelo governo Provincial. O valor repassado foi de 963$000 (novecentos e sessenta e três mil réis).

03. A difícil tarefa da conclusão da Igreja Matriz...
Corria o ano de 1868... já havia anos que as obras da Igreja Matriz de São Francisco de Assis, em Monte Alegre, precisavam ser concluídas, pois segundo constava no relatório do governo provincial de 1860, desde 1830 os serviços estavam parados e as celebrações eram feitas na pequena capela do Bom Jesus. Naquele ano de 1868, foi feito o orçamento para o serviço de conclusão das paredes e cobertura do templo, importando em 4:737$515,2 (quatro contos, setecentos e trinta e sete mil e quinhentos e quinze réis). Marcada a arrematação pública para o dia 29 de outubro, não houve quem arrematasse a obra. Remarcada para o dia 19 de novembro, novamente não houve interessados em fazê-la. Em 04 de dezembro do mesmo ano, o governo Provincial mandou colocar novamente em arrematação até que houvesse alguém interessando em concluir a Matriz.

04. A exploração mineral em Monte Alegre...
Neste mesmo ano de 1868, o presidente da Província do Pará enviou para Monte Alegre o engenheiro Antônio Joaquim de Oliveira Campos, com o objetivo de o mesmo explorar e examinar as pedras graníticas e calcárias existentes em Monte Alegre e verificar a possibilidade de usá-las nas obras públicas da Província.

05. As comemorações pela vitória na Guerra do Paraguai...
No dia 22 de maio de 1870, Monte Alegre recebia a notícia do final da vitoriosa campanha da Guerra do Paraguai. Imbuída de espírito patriótico, a população comemorou o fato neste dia, com um “Te Deum” seguida de uma “Missa Solene”. À noite, houve alegre passeata pelas ruas, ao som de vivas à S. M. o Imperador, ao exército e à armada brasileira, seguido de um fausto jantar servido a todos. No dia seguinte, 23 de maio, uma “Missa de Requiem” foi celebrada pelos falecidos na guerra, tendo o professor público feito um discurso, encerrando-se o ato.

06. O Protesto Liberal e a questão religiosa...
Em 1872, por conta da chamada “Questão Religiosa”, o Bispo do Pará, Dom Antônio Macedo Costa, recebeu diversos manifestos de adesão. Em Monte Alegre, entretanto, ficou famoso um PROTESTO feito pelos membros do Partido Liberal, contra o reverendo Bispo. Assinado pelos senhores Antônio José da Gama Malcher, Antônio Pereira da Silva, Joaquim Barbosa de Amorim Sobrinho, Numa Loureiro e Antônio José Pinheiro, o protesto terminava com esta frase: “Somos liberais católicos e não hipócritas”.

07. O aluguel da cadeia pública de Monte Alegre...
No ano de 1878, Monte Alegre ainda não possuía um prédio público próprio para sua Cadeia, e o governo da Província pagava aluguel de uma casa para este fim. Naquele ano, o delegado de polícia de Monte Alegre celebrou o termo de contrato de aluguel com a menor Maria Rodrigues de Oliveira Pantoja, representada pelo seu pai, João da Anunciação de Oliveira Pantoja, para o arrendamento, pelo prazo de três anos e pagando-se 200$000 (duzentos mil réis) anuais, pelo prédio que servia de cadeia pública. Como diziam os jornais da época: “sabe-se com quem e sabe-se a quanto”.

08. A questão da liberdade dos escravos...
Monte Alegre possuía, no ano de 1833, cerca de 290 escravos. A maioria trabalhava nas fazendas e alguns eram servos na cidade. Esse número aumentou após a Cabanagem. No entanto, em 13 de junho de 1884, foi fundada, por inciativa do senhor Antônio Pereira da Silva e de outros cidadãos humanitários, a Sociedade Abolicionista “13 de Junho”, com o objetivo de promover a gradativa liberdade aos escravos monte-alegrenses.

09. A epidemia de gripe e associações civis...
Em 1918, por causa da epidemia de gripe reinante na cidade, a Sociedade Beneficente “União de Monte Alegre” teve que, pela primeira vez, adiar as eleições estatutárias para a presidência da mesma, que só foi realizada a 29 de dezembro desse ano, tendo sido reeleito para a presidência da mesma o sr. Leocádio da Costa Macedo.

10. A questão de limites entre Monte Alegre e Santarém...
No dia 06 de setembro de 1890 foi criada uma escola elementar no lugar Paracary. A escola foi instalada e administrada pela Intendência de Monte Alegre. Em 1893 a Intendência de Santarém protestou contra a construção da Escola perante o governo do Estado. Teve aí a origem de um contestado de limites entre Monte Alegre e Santarém. Em 1921, para sanar o contestado existente, o governo do Estado baixou um decreto estabelecendo a linha divisória entre os dois municípios. Apesar do Intendente Municipal de Monte Alegre, sr. Manuel Joaquim ter aceito os termos do Governo, o Conselho Municipal, sob a presidência do mesmo Intendente, reunido a 25 de julho de 1921, resolveu protestar e não aceitar o decreto estadual. E a pendenga continuou...


Fontes: Acervo pessoal do autor, acervo ICBS e acervo da Biblioteca Nacional.


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