Paulo Rodrigues dos Santos
O
célebre Crucifixo doado por Martius, foi agora, em virtude os grandes reparos
que se efetuam na Catedral, descido da sua cruz, no dia 5 de janeiro e
transportado (por oito homens sob a vigilância de Frei Vianey) para a sacristia
onde aguardará, como há cem anos, que seja novamente colocado no seu calvário.
Essa
linda imagem de realismo impressionante e segundo os entendidos, perfeita obra
de arte anatômica, tem sido por muitos anos o ponto alto nas visitas de
turistas de alguma cultura que passam pela nossa cidade. Não há naturalista
nacional ou estrangeiro, nem artista ou intelectual de valor, de qualquer
credo, inclusive budista ou sem credo nenhum, como os ateus que deixam de
comparecer a catedral para ver o tão falado ex voto de Martius.
A
inscrição em placa de ferro ao lado que identifica a obra e sua procedência,
tem sido copiada e recopiada milhares de vezes em todas as línguas do universo
e publicada em numerosas obras de história, geografia, botânica, viagens,
etc...
A
bela estátua de ferro fundido que o naturalista bávaro ofereceu à matriz de
Santarém em sinal de agradecimento a Divina Providência por havê-lo salvo de
iminente naufrágio, tem uma história – quase diria uma Via-Crucis; - nem sempre
isenta de certa irreverência e incompatível com a magnitude e santidade que
envolve o assunto e com os sentimentos de piedade do notável homem que foi Carlos
Frederico Felipe Von Martius.
Da
primeira vez, quando chegou da Alemanha, aquele monumento de fé e gratidão de
um sábio ao Redentor do Mundo, passou jogado nos fundos da Sacristia perto de
vinte anos, antes de ser colocado na cruz. Talvez faltassem ao pároco os meios
materiais para as obras, tendo ainda em vista o peso da estátua (cerca de meia
tonelada) que dificultava a sua movimentação.
Esperamos
agora que o digno sr. Vigário saiba expor em lugar de destaque o novo Calvário
para o Cristo de Martius, já considerado patrimônio artístico religioso de
Santarém.
NOTA: O presente artigo foi
publicado originalmente em 15 de janeiro de 1966, ocasião em que o autor
assinou com o pseudônimo de SAULO TAPAJÔNIO.
O atual crucifixo da catedral é o de Von Martius?
ResponderExcluirSim, foi doado por ele para a Igreja Matriz. É uma das obras de arte mais conhecidas de nossa cidade.
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