terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Momento Poético: A nuvem

Felisbelo Jaguar Sussuarana

Nas campinas do Azul Maravilhoso
Onde o rebanho das estrelas pasta;
Na formosa savana, eterna e vasta
Onde a lua é zagal mui cuidadoso;

A nuvem – visionário tristuroso,
Entre pompas de luz, leve, se arrasta
E foge, e foge como virgem casta
A fugir d’atra mão de homem maldoso.


E foge, e foge doidamente, à toa,
Como ave que, ferida, ainda voa,
E em chuva se desfaz, se esvai em chuva.

A esperança assim do pobre peito às vezes
Foge, e ao fugir se esvai entre os revezes
Da sorte, só deixando a alma viúva...

NOTA: Poesia escrita usando o pseudônimo “Flávio Tapajós”, datada em Belém, dezembro de 1912.


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