quinta-feira, 26 de maio de 2016

A luz da grande alvorada em Santarém – 1971

Há pouco mais de 22 anos atrás, Manoel Maria de Macêdo Gentil, encarregado da construção da Praça que seria o marco do transcurso do Primeiro Centenário de nossa cidade, colocou no monumento central do logradouro que se constitui no ponto de convergência do povo do aplausível bairro da Aldeia, dois versos do célebre poema “América”, do imortal Castro Alves, um vaticínio, em que o artista antevia o futuro da “Pérola do Tapajós”.

Decorridos agora, o vigésimo segundo ano, quando não mais vive o construtor da Praça (do Centenário), podemos afirmar, com segurança, no limiar deste 1871 (sic), cujo dia segundo hoje vivemos, que a profecia do Xixito se realiza.
Os tratores do Oitavo Batalhão de Engenharia e Construção e das outras empresas construtoras rasgam o seio da Amazônia Virgem, para através destes sulcos que se cruzam à sombra do Cruzeiro do Sul, caminhar o progresso na direção dos pontos cardeais de nossa região.
O nosso porto, colocado em primeira prioridade nos planos do DNPVN. A Hidrelétrica do Palhão, caminhando para o grande dia de sua conclusão, tudo isso nos faz crer que é chegada a hora da grande alvorada. E de maneira muito especial, uma nova realização veio adicionar-se às já citadas, para intensificar os matizes desse grande arrebol que enche de esperança os corações de todos os santarenos, – a partir de segunda feira, nosso núcleo do Centro de Educação da Universidade Federal do Pará estará funcionando, com 123 alunos, escrevendo a primeira página da história de nossa Santarém universitária.
A luta de muitos, a boa vontade e o patriotismo de tantos outros, fizeram com que o grande sonho dos santarenos fosse convertido na mais risonha e promissora realidade.
Não poderíamos desejar melhor presente de Ano Bom. Ele chegou na hora certa e felizes foram aqueles que, acreditando na grande realidade, inscreveram-se para formar a primeira turma de universitários de nossa terra.
Que todos eles tenham a perseverança para continuar a caminhada até o seu final, a fim de que, num futuro não muito remoto (quatro anos apenas), possamos assistir a festa de formatura da pioneira turma de bacharéis em Letras e Estudos Sociais.
Para frente Santarém! Avante Brasil! Ninguém segura este País!


NOTA: Publicado no Jornal de Santarém de 02 de janeiro de 1971. Apesar do autor do texto citar 1871, o correto é 1971. O Centenário a que se refere é o de elevação de Santarém à categoria de cidade (24 de outubro de 1848), quando foi inaugurada a “Praça do Centenário”, em frente à Igreja Matriz de São Raimundo Nonato, no Bairro da Aldeia.

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