Há pouco mais de 22 anos atrás, Manoel Maria de Macêdo
Gentil, encarregado da construção da Praça que seria o marco do transcurso do
Primeiro Centenário de nossa cidade, colocou no monumento central do logradouro
que se constitui no ponto de convergência do povo do aplausível bairro da
Aldeia, dois versos do célebre poema “América”, do imortal Castro Alves, um vaticínio,
em que o artista antevia o futuro da “Pérola do Tapajós”.
Decorridos agora, o vigésimo segundo ano, quando
não mais vive o construtor da Praça (do Centenário), podemos afirmar, com
segurança, no limiar deste 1871 (sic), cujo dia segundo hoje vivemos, que a
profecia do Xixito se realiza.
Os tratores do Oitavo Batalhão de Engenharia e
Construção e das outras empresas construtoras rasgam o seio da Amazônia Virgem,
para através destes sulcos que se cruzam à sombra do Cruzeiro do Sul, caminhar
o progresso na direção dos pontos cardeais de nossa região.
O nosso porto, colocado em primeira prioridade nos
planos do DNPVN. A Hidrelétrica do Palhão, caminhando para o grande dia de sua
conclusão, tudo isso nos faz crer que é chegada a hora da grande alvorada. E de
maneira muito especial, uma nova realização veio adicionar-se às já citadas,
para intensificar os matizes desse grande arrebol que enche de esperança os corações
de todos os santarenos, – a partir de segunda feira, nosso núcleo do Centro de
Educação da Universidade Federal do Pará estará funcionando, com 123 alunos,
escrevendo a primeira página da história de nossa Santarém universitária.
A luta de muitos, a boa vontade e o patriotismo de
tantos outros, fizeram com que o grande sonho dos santarenos fosse convertido
na mais risonha e promissora realidade.
Não poderíamos desejar melhor presente de Ano Bom.
Ele chegou na hora certa e felizes foram aqueles que, acreditando na grande
realidade, inscreveram-se para formar a primeira turma de universitários de
nossa terra.
Que todos eles tenham a perseverança para
continuar a caminhada até o seu final, a fim de que, num futuro não muito
remoto (quatro anos apenas), possamos assistir a festa de formatura da pioneira
turma de bacharéis em Letras e Estudos Sociais.
Para frente Santarém! Avante Brasil! Ninguém
segura este País!
NOTA:
Publicado no Jornal de Santarém de 02 de janeiro de 1971. Apesar do autor do
texto citar 1871, o correto é 1971. O Centenário a que se refere é o de
elevação de Santarém à categoria de cidade (24 de outubro de 1848), quando foi
inaugurada a “Praça do Centenário”, em frente à Igreja Matriz de São Raimundo
Nonato, no Bairro da Aldeia.
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