Sem dúvida alguma é penoso olhar-se para o atual
estado de nossas ruas, quando sua grande maioria não oferece as menores
condições para o tráfego de veículos. Esse aspecto da “Pérola do Tapajós” tem
dado pano para as mangas dos cronistas, dos repórteres, de todos aqueles,
enfim, que através dos meios de comunicação dirigem a opinião pública; e isso
mostra o grande interesse que todos temos pela terra que nos serviu de berço ou
que nos abriga com sua peculiar e carinhosa hospitalidade.
É realmente triste a atual situação de nossas
artérias, de nossas praças e de muitos becos que proliferam na periferia da
cidade. Isso ninguém pode ignorar e só há motivo para lamentar tal situação,
que ficou como saldo da quadra chuvosa que está chegando a seu termo.
Além das torrenciais chuvas que castigaram a
cidade durante seis meses consecutivos, temos também o grande número de carros
que diuturnamente trafegam nessas ruas que não estavam preparadas para receber
esse violento impacto de tantos veículos.
Nossa cidade não dispunha da necessário
infraestrutura para receber o grande progresso de que desfrutamos presentemente
e essa falha, fatalmente, teria que aparecer e o resultado aí está. E não é só
nas ruas que se manifestam os efeitos do grande movimento que Santarém
experimenta. Aí estão nossas feiras e mercados, onde nada chega e tudo é
comprado por astronômicos preços, a falta de vagas nos colégios públicos, o
enorme número de casebres que proliferam na periferia da cidade, o grande
número de pessoas que entram e saem do município sem dizer de onde vieram nem o
que pretendem fazer; enfim, são tantos os problemas que são capazes de
assoberbar qualquer administrador.
Mas, qual é a cidade nesse Brasil Gigante que não
apresenta problemas de maior ou menor monta? Aqui mesmo em Santarém há um sério
problema que anualmente se repete e aflige 30% da população do município e
muitas vezes passa desapercebido, como aconteceu este ano, quando os buracos
das ruas tiveram a propriedade de atrair intensamente as atenções dos colegas
da informação. Falamos dos nossos homens da beira dos rios que, este ano, além
dos prejuízos com o gado que morreu, tiveram a infelicidade de ver a fibra de
juta, principal produto de sua lavra, cair vertiginosamente de preço, sem que
alguém viesse em seu socorro.
De qualquer modo é sempre fácil apontar as falhas;
indicar as soluções é que são elas. Mas, segundo sabemos, dentro dos próximos
dias, Santarém estará recebendo o impacto de uma blitz em que se vão conjugar
os esforços do Governo do Estado, recursos da SUDAM e Prefeitura para modificar
os aspectos de nossa cidade. E, de acordo com o plano, até o final do estio
teremos alguns quilômetros de asfalto e outro tanto de empissarramento [sic].
Aguardamos.
NOTA:
Publicado no Jornal de Santarém de 30 de junho de 1973.
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