sábado, 14 de maio de 2016

O problema das nossas ruas – 1973

Sem dúvida alguma é penoso olhar-se para o atual estado de nossas ruas, quando sua grande maioria não oferece as menores condições para o tráfego de veículos. Esse aspecto da “Pérola do Tapajós” tem dado pano para as mangas dos cronistas, dos repórteres, de todos aqueles, enfim, que através dos meios de comunicação dirigem a opinião pública; e isso mostra o grande interesse que todos temos pela terra que nos serviu de berço ou que nos abriga com sua peculiar e carinhosa hospitalidade.

É realmente triste a atual situação de nossas artérias, de nossas praças e de muitos becos que proliferam na periferia da cidade. Isso ninguém pode ignorar e só há motivo para lamentar tal situação, que ficou como saldo da quadra chuvosa que está chegando a seu termo.
Além das torrenciais chuvas que castigaram a cidade durante seis meses consecutivos, temos também o grande número de carros que diuturnamente trafegam nessas ruas que não estavam preparadas para receber esse violento impacto de tantos veículos.
Nossa cidade não dispunha da necessário infraestrutura para receber o grande progresso de que desfrutamos presentemente e essa falha, fatalmente, teria que aparecer e o resultado aí está. E não é só nas ruas que se manifestam os efeitos do grande movimento que Santarém experimenta. Aí estão nossas feiras e mercados, onde nada chega e tudo é comprado por astronômicos preços, a falta de vagas nos colégios públicos, o enorme número de casebres que proliferam na periferia da cidade, o grande número de pessoas que entram e saem do município sem dizer de onde vieram nem o que pretendem fazer; enfim, são tantos os problemas que são capazes de assoberbar qualquer administrador.
Mas, qual é a cidade nesse Brasil Gigante que não apresenta problemas de maior ou menor monta? Aqui mesmo em Santarém há um sério problema que anualmente se repete e aflige 30% da população do município e muitas vezes passa desapercebido, como aconteceu este ano, quando os buracos das ruas tiveram a propriedade de atrair intensamente as atenções dos colegas da informação. Falamos dos nossos homens da beira dos rios que, este ano, além dos prejuízos com o gado que morreu, tiveram a infelicidade de ver a fibra de juta, principal produto de sua lavra, cair vertiginosamente de preço, sem que alguém viesse em seu socorro.
De qualquer modo é sempre fácil apontar as falhas; indicar as soluções é que são elas. Mas, segundo sabemos, dentro dos próximos dias, Santarém estará recebendo o impacto de uma blitz em que se vão conjugar os esforços do Governo do Estado, recursos da SUDAM e Prefeitura para modificar os aspectos de nossa cidade. E, de acordo com o plano, até o final do estio teremos alguns quilômetros de asfalto e outro tanto de empissarramento [sic].
Aguardamos.


NOTA: Publicado no Jornal de Santarém de 30 de junho de 1973.

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