segunda-feira, 30 de maio de 2016

Momento Poético: Solidão

Manoel Valdomiro Rodrigues dos Santos

Eu amo a grata solidão da noite
Contemplar as estrelas cintilando;
A lua – a sócia eterna dos q’sofrem –
Triste, no espaço etéreo se librando,

Musa celeste, é ela quem me inspira
Pobres versos q’a turba não entende,
De que, louco em furor, moteja a inveja,
Que todo o mundo lê, mas não compreende.


Quando a terra se envolve toda em trevas,
Quando em silêncio dorme céus e mares,
Sinto a meus males encontrar alívio,
Sinto abrandar-se a dor dos meus pesares.

Amo o carpir do mocho merencório
Pousado numa cruz erguida ermo;
Porque também eu choro e porque vejo
Que uma cruz, de meu pranto será termo.


NOTA: Poesia publicada em 1890. Posteriormente o autor exerceu o cargo de intendente de Santarém e de Belém, dando nome à praça mais antiga da cidade tapajônica que lhe serviu de berço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário