sábado, 28 de maio de 2016

Primeiro tribunal do júri em Alenquer – 1874

Foi designado o dia 15 de dezembro vindouro para a inauguração da 1ª sessão do júri do novo Termo de Alenquer. O primeiro processo que ali vai ser julgado é o de que são réus João Soares de Oliveira por antonomásia – João Redondo – e o preto Gaspar Felipe Landegário, pronunciados por crime de furto, por terem apropriado de dinheiro em ouro que estava enterrado em matas pertencentes à Fazenda Nacional.

É, como o leitor vai ver, uma curiosa história a que deu causa a este processo:
Gaspar, descobrindo um tesouro que jazia enterrado nas imediações da Vila de Alenquer, fez deste tesouro seu coparticipante a João Soares, o qual em uma noite, às 10 horas, acompanhado de Gaspar, foi busca-lo e conservou sob sua guarda, dando a Gaspar algum dinheiro em moeda papel em conta da parte que devia caber a este sócio, declarando que a soma encontrada era calculada em cinco contos de réis, em ouro.
Passado tempo, cerca de dois anos, Gaspar, preso na cadeia de Alenquer, exige de João Soares a sua parte, que este nega.
Levado o fato perto do subdelegado de polícia, foi procedido ao inquérito e no juízo municipal respectivo o processo do qual resultou a pronúncia de ambos, visto haverem testemunhas que viram João Soares e o preto Gaspar conduzindo o saco com dinheiro e guardarem-no em a casa onde João Soares morava.


NOTA: Publicado no jornal Diário do Maranhã de 22 de novembro de 1874.

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