Sobre o cristianismo:
“O cristianismo
nas suas origens é uma espécie de socialismo utópico. A figura do Cristo
aparece, na realidade, na aplicação aos pobres, aos deserdados, e não quando a
Igreja se organiza e se torna uma instituição. Aí ela se torna o lado dos poderosos”.
Sobre sua passagem
pelo Colégio Marista em Belém:
“Foi uma época
difícil para a minha fé. Rezava-se compulsoriamente a maquinalmente, até para
tomar banho”.
Amizades cristãs
e materialistas:
“Foi Chico
(Francisco Paulo Mendes) que me fez conhecer Jacques Maritain, Andre Mauriac,
George Bernanos e, sobretudo, Leon Bloy, nomes da maior importância, na
evolução do pensamento cristão. Com Dalcídio (Dalcídio Jurandir) li, pela
primeira vez, o Manifesto Comunista”.
Sobre os intelectuais
na “Guerra Fria”:
“Na União Soviética
sofriam os intelectuais, esmagados pelo stalinismo; nos Estados Unidos,
esmagados pelo macarthismo”.
Sobre sua
ligação com as “alas populares”:
“Essa ala passou
a ser a mais fundamental para mim. Eu tive que me refugiar nessa área mais
popular. Era uma época em que um passava pelo outro e fingia que não se
conhecia. A roda do Café Central passou a ser uma etapa na minha vida, não mais
o definitivo”.
Sobre o amor
pela literatura:
“A primeira
pessoa que leu ‘Grandes Sertões: Veredas’, em Belém, fui eu. A segunda foi a
Maria Silvia (mulher do Benedito Nunes). É verdade que hoje, a leitura não é
mais minha principal atividade. A ligação com a literatura devo ao velho Garcia,
pai do meu querido amigo, o compositor Laury Garcia. Dele recebíamos, com
regularidade, catálogos, livros e revistas, vindos das principais livrarias da
América, Inglaterra, França, Alemanha, Portugal, Espanha, México, Argentina e
Chile. Nesse particular, o velho Garcia desempenhou um papel que a nossa
universidade não consegue desempenhar. De grande importância, também, foi a livraria
do Haroldo Maranhão, a Dom Quixote”.
Sobre as
universidades:
“Toda
Universidade é perdulária. Talentos como os de Chico Mendes e Daniel Coelho de
Souza, ainda aposentados, deveriam ser aproveitados em cursos de extensão universitária,
como fazem as principais universidades da Europa e da América, com aqueles homens
de notório saber, como é o caso dos dois e de Machado Coelho”.
Sobre a ecologia
e os “salvadores da pátria”:
“Estou cansado
dos salvadores da pátria, tipo Collor de Mello e Sassá Mutema. Por isso mesmo,
começo a ter medo da palavra ecologia. Ela é o novo narcótico, oferecido às
multidões despolitizadas, ansiosas por soluções eficientes e milagrosas. Por
trás de um aparente gesto de amor e generosidade, instala-se a usura e a
cobiça, que sempre foram os principais inimigos da natureza amazônica”.
Sobre poetas e
poesias:
“Quem pensar que
poesia é mera inspiração estará terrivelmente equivocado. ‘Sou poeta porque conheço
meu ofício’, disse Federico Garcia Lorca. Um poeta não pode conhecer o seu
ofício se não tiver devassado a intimidade, vocabular e estética, de outros
poetas. Daí porque, li e reli muitos poetas. Por exemplo: O ‘Pauvre Lelian’,
que aparece em ‘Vinte e Sete Anos...’, outro não é, senão o poeta Paul
Verlaine, assim tratado por seu amigo, o poeta Arthur Rimbaud. Aliás, neste
mesmo poema, encontram-se referências a ‘L’aprés midi d’un Faune’, de Claude
Debussy, e ‘The Rayen’, de Edgar Allan Poe”.
NOTA: Imagem ilustrativa e pensamentos extraído do
jornal “O Liberal” de 25 de junho de 1989.
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