Sob minha
direção e responsabilidade, levei dia 27/12/58 (sábado) à Belterra, às
senhoritas Raimunda Neves, Raimunda Perpétua, Felicidade Maia, Francisca
Colares, Nazaré do Socorro, Nazaré Brito, Rossi Cohen, Lourdes de Jesus, Sonia
Chaves e Francisca Silva, para representarem o drama intitulado “Ódio e Amor”.
Lá chegamos às 17,30 desse dia num carro fretado ao sr. Alcindo, e fomos
hospedar-nos em uma casa na Vila Operária, que o Administrador das Plantações
colocou à nossa disposição. Todas sentiam-se satisfeitas e desejosas de entrar
em contato com a plateia belterrense, enquanto eu esperava daquela plateia
melhor compreensão e mais cavalheirismo.
Digo assim porquanto
tive boas informações de Belterra prestadas por pessoas que me merecem fé,
embora eu não possa dizer o mesmo de 90% do povo que compareceu ao espetáculo e
deixou-me com a pior impressão que se possa imaginar. Desde a primeira
apresentação que a porcentagem acima mencionada, deu provas sobejas da péssima
educação que devia ocultar, mormente para visitantes, como era nosso caso.
Na 2ª
representação esperava que aqueles elementos perturbadores da ordem não comparecessem,
deixando-me satisfeita e relevando a impressão recebida. Nada modificou-se.
Durante o 1º Ato não houve alterações devido a presença de irmãs religiosas que
lecionam na Escola Paroquial. Infelizmente saíram para atender um chamado e
logo após começou a anarquia do dia anterior. Desse modo retornamos de Belterra
quase às 24 horas do dia 28/12/58 sob uma saraivada de pedras e areia e pedindo
a Deus que esclareça aqueles selvagens que merecem perdão por tanta ignorância.
Mas de qualquer maneira não queremos voltar à Belterra nem por cem contos.
Santarém, 08 de
janeiro de 1959.
Maria de Lourdes
da Silva Colares.
NOTA: Texto
publicado no jornal O Baixo-Amazonas de 08 de janeiro de 1958.
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