Por Silvério
Sirotheau Corrêa
Alta noite, – e que
noite escura e fria! –
Ouvi cantar
humilde trovador,
Que relembrava
todo a imensa dor
Que o peito
enfraquecido lhe invadia.
Também venho
cantar, neste meu verso,
A tristeza que
vai dentro em minh’alma:
A tristeza, esse
mar que não se acalma,
Esse mar, em que
vou já quase imerso.
Oh, meu Deus! E que
mágoa infinda a minha!
Quando me pesa
ao peito o sofrimento!
Para tamanha dor
não acho alento,
Não acho alento
à dor que me definha:
E nest’hora, pungindo
de aflição,
Buscando o
lenitivo numa prece,
Sinto que o lábio,
trêmulo, emudece:
Calando a boca, –
fala o coração.
Oh, Senhor! Dai-me
forças que preciso
Realizar o que
os Sonhos me inspiram,
– P’ra gozar o
que muitos não gozaram
E fazer deste
Inferno – um Paraíso.
Mas, se a Morte,
com sua atrocidade,
Me vier buscar
da Vida por despeito,
Levarei deste mundo,
no meu peito,
– A dor, a
grande dor de uma Saudade.
NOTA: Poesia
escrita em Santarém no ano de 1924.
Nenhum comentário:
Postar um comentário