És.
E enquanto a
solidão se faz palavra
No silêncio da
creche a luz se apaga
E te tornas visível
no poema.
Fiel ao que ocultaste
Morrerás sem
resposta
E o que chamaste
céu
E afagaste no
catre
Desdobra-se em
padrões
De tédio e fome.
Inútil repetir o
comer e o dormir.
Dentro de ti
Fora de ti
Em qualquer
parte de tua vida asséptica
E negada ao
sargaço
Há um dardo de
sol dourando a espada
Um ser astuto
que difunde a revolta
Explode em
mocidade e quer cantar.
A isto chamarás
permanecer
Durar
E até mesmo
inefável
Ou talvez
madrugada punitiva
Que gera a violência
E prega o amar.
Que restou do
perfil
Comprometido
pela sombra do musgo?
Do vazio que
atrelaste
Ao
relógio-pulseira?
Da memória
infiel
Que afogaste no
álcool?
Tens quinze anos
agora
E o gozo de
criar
Em hora
imprópria
E data não
precisa
Juntando sal e
terra ao diagrama
No digrama ser e
não cantar.
Não cantar e não
ser embora claro
E nítido à
canção que se desenha
No silêncio
marcado pela chaga.
Teme pois esta
egressa juventude
Que te faz
marcial e prenuncia
O látego do
tempo flagelando
O instante que roubaste
à poesia.
NOTA: Poesia
publicada no jornal “O Liberal” de 14 de maio de 1989.
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