terça-feira, 2 de junho de 2020

Sobre rivalidade de “Pássaros” na Santarém de 1930


Somente agora, decorrida a quadra joanina, venho dar trela aos dirigentes e bajuladores do tal grupo do “PAVÃO PERU”, para refutar-lhes as infâmias e indiretas covardes, assacadas contra mim e as indefesas meninas que compõe o grupo do “GAVIÃO”, da minha modesta direção.
Todo mundo sabe, mormente os habitantes do bairro da Prainha, onde moro a um ano e tanto, que foi eu quem primeiramente organizou e exibiu naquele bairro um grupo joanino denominado “COROCA”, o qual casou inveja aos que hoje dizem de mim cobras e lagartos, tanto assim que em julho do ano passado, já depois da quadra das fogueiras, puseram na rua um desengonçado grupinho, sem música, que mais desagradava do que mesmo agradava. Este ano, como resolvesse exibir outro grupo que denominei “GAVIÃO”, eis que surge o “PAVÃO” para rivalizar com o meu grupo, mostrando assim a perversidade de quem só vive de maldade e intrigas baixas, próprias dos ignorantes.

Sei de fonte limpa que os MARCOS e os MARANHÕES onde quer que se achem, dizem de mim aquilo que eu não mereço, mas, felizmente pelas costas, porque do contrário seriam repelidos como deviam, apesar de que eu não me apercebo de semelhantes criaturas. Que continuem a uivar no deserto.
Graças a Deus tenho educação e não discuto nas tabernas como é costume dos meus gratuitos inimigos. Não sou intelectual, nem manejo a lira plangente dos poetas, mas aquilo que rascunho é direito e na letra e na letra modesta que compôs para o meu grupo, ninguém encontrará asneiras como “alevante”, “arretira”, e outras besteiras que vês.
Eu não tenho culpa do seu brinquedo ser mal organizado. Quem não pode não se mete em sapato de defunto.
Desejam “enrolar” o “GAVIÃO”, metendo-o na roda, mas o feitiço virou contra o feiticeiro: foram para a roda, nada reclamaram, porque não teriam razão para tal, pois que as componentes do meu grupo são meninas e não taludas. Se o “PAVÃO” enrolasse o seu rival, não era de admirar, mas se o contrário se desse, seria uma vergonha como o foi. Fizeram os seus “angus” e ainda por cima foram se queixar ao sr. coronel prefeito que felizmente é um cavalheiro distinto e sabe fazer justiça a quem merece.
Bem, para terminar, ofereço aqui um “chasinho” aos diretores e chaleiras do grupo do “PAVÃO”.
Entra, entra na roda
Chorão
Morreste nas unhas
Do “GAVIÃO”.
Dico Sussuarana.

NOTA: Texto extraído do jornal A Cidade, de 13 de julho de 1930.

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