“Como sabem os leitores do Diário da Tarde, um projeto apresentado
à Câmara dos Deputados abre ao governo um crédito de 3.000 (três mil) contos de
réis, para efetuar obras de fortificação e de um acampamento destinado à
concentração de forças na cidade de Óbidos.
Esta povoação, que conta cerca de 5.000 (cinco
mil) habitantes, acha-se situada à margem esquerda do Amazonas, na distância de
500 (quinhentas) milhas geográficas da foz do grande rio no oceano.
Esse gigante fluvial, que é o mais largo e mais
fundo dentre todos seus congêneres, apresenta-se num leito relativamente
estreito em frente de Óbidos, medindo ainda assim uma largura de 1.900 (mil e
novecentos) metros, a que fica reduzida de muitos quilômetros, que tem antes e
depois daquele porto.
A profundidade das águas, na mesma localidade, é
de muitas dezenas de metros, chegando-se a medir junto às margens 40 (quarenta)
e tantos metros.
Conhecendo-se a facilidade da navegação pelo
Amazonas, águas acima, pois que a sua correnteza não é mais do que 1 e ½ milha
em uma hora, não deve parecer grande a distância separando Óbidos da capital do
Pará, no estuário da entrada do grande rio, em seu braço do sul.
Havendo por conseguinte tais proporções para o
transporte das tropas, bem como do material de guerra e de construção, não se
apresentam embaraços para a pronta realização do projeto do Congresso e do
senhor Ministro da Guerra, tendendo à fortificação de um ponto estratégico,
qual o que oferece a situação de Óbidos, a fim de comandar a navegação do Alto
Amazonas”.
NOTA:
Publicado no Diário da Tarde de 09 de maio de 1902.
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