“A cidade de Monte Alegre está situada à
margem esquerda do rio Gurupatuba. Quem vê, pela primeira vez, esta terra
paraense e conhece o sul da República, lembra-se logo daquelas povoações
marítimas de Alagoas ou Pernambuco.
Monte Alegre está dividida em cidade alta e cidade
baixa; sendo que, nesta última, é onde se acha todo o seu desenvolvimento
comercial; ao passo que a outra atravessa um verdadeiro estado de decadência...
É sede da comarca e município homônimos. A base de
sua riqueza é a vida pastoril; porém, no rio Curuá do Sul, encontra-se a
borracha, em que se apoia toda a fortuna pública no Pará. Possui este município
importantes fontes de águas minerais, até agora inexploradas: o brasileiro,
devido a sua indolência inata e espírito de novidade, é sempre pobre no meio de
suas riquezas, e prefere sempre as águas minerais que vem falsificadas da
Europa, por causa dos rótulos dourados das garrafas, às nossas águas, fato de
que não me admiro muito, porque não me esqueço nunca, de que nas nossas
florestas ainda não foi descoberto uma madeira, que se prestasse para palito de
dentes; e, por isso, mandamos busca-lo nos mercados europeus, porque só os
homens do Velho Mundo tem habilidade de preparar tão importante artefato de
indústria humana...
Monte Alegre é a antiga vila de Gurupatuba, criada
em 1758, por Mendonça Furtado, e foi elevada à categoria de cidade, no dia 15
de março de 1880. Nos tempos coloniais era uma missão de frades de Nossa
Senhora da Piedade. Eclesiasticamente pertence agora à Prelatura de Santarém;
e, praza aos céus que São Francisco de Assis, que é o orago da freguesia, guie
o grande e patriótico povo monte alegrense pela estrada luminosa da paz, que
tanto amava o Serafim do Amor!
Faro, 1913.
Manoel Buarque”.
NOTA:
Publicado no Jornal do Estado do Pará de 06 de maio de 1913.
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