“O Capitão Prefeito, em obediência a uma ordem
telegráfica do dr. Chefe de Polícia, impediu que vários colonos, seduzidos pelo
afamado Paulino Sarará e outros comparsas, seguissem para o Estado do Amazonas,
onde certamente seriam vendidos como simples mercadorias.
Não podia ser outra a medida enérgica posta em
prática, visto como a saída dos colonos grandes prejuízos viria causar à nossa
lavoura em particular e ao município em geral.
Mas o prejuízo não seria só de Santarém; os
próprios colonos, abandonando suas plantações, que lhes dão um lucro certo,
embora pequeno, iam aventurar-se a um viver de sofrimentos e trabalhos
excessivos nos seringais, de onde, talvez, só muito tarde poderiam resgatar as
enormes dívidas que desde a passagem lhes seriam impostas.
Felizmente veio a tempo a intervenção esperada.
Resta é criar medidas que impeçam o exercício
desses agenciadores, cujo fim não é senão adquirir fabulosos proventos no
mister desumano de vender os seus iguais. Vender, dizemos bem, porque outro não
é o negócio desses pássaros bisnaus que, agenciando homens aqui, em Manaus os
passam adiante”.
NOTA:
Publicado no jornal A Cidade de 20 de março de 1926.
Essa chaga social vem de longe. Como advogado, já tive oportunidade de atuar contra os espertos "gatos" que levavam às escondidas trabalhadores de Icoaraci para o corte de palmito na Guiana Francesa, vendendo-os como se fossem mercadoria.
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