quarta-feira, 23 de março de 2016

As paróquias da Prelazia de Santarém em 1904


“Em todo o território da Prelatura existiam 19 Paróquias, com o total de 11 Sacerdotes. Eis as Paróquias:
1) Santarém, a sede da Prelatura, antiga missão dos índios Tapajós, fundada pelos Padres Jesuítas em 1661. Fora da Igreja Matriz, dedicada à Imaculada Conceição, havia a Capela de São Sebastião, bastante espaçosa. A administração estava entregue aos Padres Agostinianos.

2) Alter-do-Chão, no Tapajós, antiga missão dos índios Borarys, fundada pelos Jesuítas de Santarém, com a Matriz de Nossa Senhora da Saúde (ou da Purificação), de sólida construção e tamanho regular, o cuidado sacerdotal estava aos cuidados da freguesia de Santarém.
3) Vila Franca, à esquerda do Tapajós, antiga missão dos índios Cumaru, fundada pelos Jesuítas de Santarém, com a Matriz de Nossa Senhora da Assunção, de sólida construção; ficou incompleta e está quase em ruínas. A vila, outrora importantíssima sede de município, é morta e quase desabitada. É também anexa a Santarém.
4) Boim, também à esquerda do Tapajós, antiga missão dos Tupinambaranas, fundada pelos Jesuítas de Santarém, em 1738, com a Matriz de Santo Inácio, sólida, mas pequena. Sua população é agora, em grande parte judaica, oriunda de Marrocos. Está aos cuidados dos padres de Santarém.
5) Aveiro, antigamente chamado de Tapará-tapera, recebeu o nome de Aveiro quando, em 1781, foi feita freguesia. A Matriz é de construção recente, dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Também anexa a Santarém.
6) Itaituba, em 1830 era pequena aldeia de índios, foi feita freguesia em 1856, tendo a Matriz em construção, cujo Orago é Santa Anna. Está anexa à Santarém.
7) Alenquer, antiga missão franciscana, chamada de Surubiú, com a Matriz de Santo Antônio, é regida pelo Padre Segundo Bruzzo, italiano.
8) Óbidos, antiga missão franciscana dos índios Pauxis, com a Matriz de Sant’Anna, grande e sólida; é regida por Padre Irineu Rebouças, cearense.
9) Oriximiná, no rio Trombetas, com a Matriz de Santo Antônio, pequena, feita de madeira; está aos cuidados do pároco de Óbidos.
10) Faro, antiga missão franciscana dos índios Yamundá, sita na boca do rio do mesmo nome, com a Matriz de São João Batista, pequena, regida pelo Padre José Tito, italiano.
11) Juruty-novo, com a Matriz de Nossa Senhora da Saúde, muito pequena, anexa a Faro. É freguesia desde 1818.
12) Monte Alegre, antiga missão franciscana dos índios Gurumatybas, com a Matriz de São Francisco de Assis, bela e de grandes dimensões, construída no ano de 1870; é regida pelo Padre Ulisses Montezano.
13) Prainha, provinda da missão franciscana de Urubucoara, que foi transplantada à beira do Amazonas, e chamada primeiro Outeiros, depois Prainha. É regida pelo Padre Victor Perron, francês.
14) Almeirim, antiga aldeia de Paru, que foi missão dos Franciscanos, com a Matriz da Conceição, anexa a Prainha.
15) Arrayolos, antiga missão franciscana, em lugar central à margem do rio Taueré, com a Matriz de Nossa Senhora do Rosário, bastante conservada, por ter a construção sólida, agora sem teto. É hoje um lugar morto. Anexa a Prainha. Ainda se vê os restos do Convento que foi, como a Igreja, de construção sólida.
16) Mazagão, com a Matriz de Nossa Senhora da Assunção, espaçosa, mas de taipa. E regida pelo Padre Antônio Savedra, espanhol.
17) Macapá, cuja Matriz é de São José, bela e bem conservada. O vigário é o Padre Francisco Relier, francês.
18) Bailique, ilha ao norte da foz do Amazonas. A Matriz, bastante decente, de madeira e contruída sobre esteios, por causa das grandes marés, é dedicada à Nossa Senhora da Conceição. O povoado tem poucos habitantes, e é paróquia desde 1886 anexa a Macapá.
19) Amapá, com a Matiz do Espírito Santo, mesquinha e miserável no dizer de D. Frederico. O lugar é pequeno e insalubre. Esta freguesia é regida pelo Padre Feliciano Fusey, francês.
O serviço nas sedes das paróquias para os que ali moravam, era mais ou menos regular, conforme o zelo dos párocos; em dias festivos, porém, quando concorria de todos os lados o povo, os muitos batizados faziam a todo vigário menos apostólico perder a única ocasião de pregar a doutrina a essa gente, e de catequizar as crianças. As vilas e povoados que pertenciam à freguesia eram visitados apenas em dias de festa do padroeiro local; também nessas ocasiões o grande número de batizados ocupava quase todo o tempo do vigário. Daí o triste fato de a grande maioria do povo nunca se ter confessado, e o número dos filhos ilegítimos exceder 40% até 50% e mais.”


NOTA: Publicado no Livro do Centenário da Diocese de Santarém.

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