domingo, 20 de março de 2016

Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição


Os distúrbios políticos ocorridos em Portugal, em 1910, com a Proclamação da República, geraram certa perseguição religiosa. Dom Amando, sempre interessado em prover a Prelazia de religiosas e padres, considerou a situação como capaz de lhe fornecer padres e freiras de que precisava e logo escreveu ao Provincial dos franciscanos em Lisboa informando que a Prelazia acolheria aqueles que quisessem trabalhar em Santarém. Algum tempo depois, do Geral de Roma, o prelado recebeu a informação de que religiosas portuguesas estavam dispostas a trabalhar na Prelazia e Dom Amando respondeu que estava pronto a receber 10 irmãs. A situação política criava embaraços para a própria saída das religiosas e dos padres e a correspondência para Portugal estava sob censura e desviada. A vinda das religiosas para Santarém tinha que ser realizada com certo cuidado.

Para evitar maiores embaraços, Dom Amando estabeleceu um certo “código” para se corresponder com o bispo amigo, intermediário na Espanha. O “código” estabelecia as palavras azeitona para irmãs e vinho, para os padres. Certo dia, em Santarém, D. Amando recebeu do bispo espanhol o seguinte telegrama: “seguem 10 barris azeitona vinho não tem”. Em tradução queria dizer que seguiam 10 irmãs e não vinham os padres.

Como em Santarém já estavam estabelecidas as “irmãs clarissas” como o povo as chamava, Dom Amando resolveu estabelecer as religiosas portuguesas nas paróquias de Monte Alegre e Alenquer, esta ainda pertencendo a Prelazia de Santarém.

As religiosas que vieram de Portugal eram as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição e chegaram em Belém a 21 de junho de 1911. Das 10 religiosas, 6 foram para Alenquer e 4 para Monte Alegre onde chegaram a 10 de setembro do referido ano.

Em Monte Alegre se instalaram na parte alta da cidade onde abriram um colégio com mais de trinta alunos com matricula inicial. A receptividade foi excelente. Naquela época a situação financeira não era boa em Monte Alegre. Mesmo pagando a mensalidade de cinco mil réis, cada aluno, as irmãs não recebiam o suficiente para prover sua subsistência. A Prelazia estava com o encargo de prover e ajudar a fundação das religiosas concretizada pelo Prelado e não dispunha de recursos para auxiliar ao mesmo tempo as duas congregações.

Diante das dificuldades surgidas e sem condições de superá-las, as irmãs portuguesas resolveram sair da Prelazia, em 1914. Foram abrir casa em Itacoatiara, no Amazonas e no nordeste onde prosperaram e se expandiram por outros pontos do território brasileiro. Ficou, porém, com a Prelazia de Santarém, o fato histórico de ter sido a primeira fundação destas religiosas no Brasil.


NOTA: Texto publicado no Livro do Centenário da Diocese de Santarém.

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