Os distúrbios políticos ocorridos em
Portugal, em 1910, com a Proclamação da República, geraram certa perseguição
religiosa. Dom Amando, sempre interessado em prover a Prelazia de religiosas e
padres, considerou a situação como capaz de lhe fornecer padres e freiras de que
precisava e logo escreveu ao Provincial dos franciscanos em Lisboa informando
que a Prelazia acolheria aqueles que quisessem trabalhar em Santarém. Algum
tempo depois, do Geral de Roma, o prelado recebeu a informação de que
religiosas portuguesas estavam dispostas a trabalhar na Prelazia e Dom Amando
respondeu que estava pronto a receber 10 irmãs. A situação política criava embaraços
para a própria saída das religiosas e dos padres e a correspondência para
Portugal estava sob censura e desviada. A vinda das religiosas para Santarém
tinha que ser realizada com certo cuidado.
Para evitar maiores embaraços, Dom
Amando estabeleceu um certo “código” para se corresponder com o bispo amigo,
intermediário na Espanha. O “código” estabelecia as palavras azeitona para
irmãs e vinho, para os padres. Certo dia, em Santarém, D. Amando recebeu do
bispo espanhol o seguinte telegrama: “seguem 10 barris azeitona vinho não tem”.
Em tradução queria dizer que seguiam 10 irmãs e não vinham os padres.
Como em Santarém já estavam
estabelecidas as “irmãs clarissas” como o povo as chamava, Dom Amando resolveu
estabelecer as religiosas portuguesas nas paróquias de Monte Alegre e Alenquer,
esta ainda pertencendo a Prelazia de Santarém.
As religiosas que vieram de Portugal
eram as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição e chegaram em
Belém a 21 de junho de 1911. Das 10 religiosas, 6 foram para Alenquer e 4 para
Monte Alegre onde chegaram a 10 de setembro do referido ano.
Em Monte Alegre se instalaram na
parte alta da cidade onde abriram um colégio com mais de trinta alunos com
matricula inicial. A receptividade foi excelente. Naquela época a situação
financeira não era boa em Monte Alegre. Mesmo pagando a mensalidade de cinco
mil réis, cada aluno, as irmãs não recebiam o suficiente para prover sua
subsistência. A Prelazia estava com o encargo de prover e ajudar a fundação das
religiosas concretizada pelo Prelado e não dispunha de recursos para auxiliar
ao mesmo tempo as duas congregações.
Diante das dificuldades surgidas e
sem condições de superá-las, as irmãs portuguesas resolveram sair da Prelazia,
em 1914. Foram abrir casa em Itacoatiara, no Amazonas e no nordeste onde
prosperaram e se expandiram por outros pontos do território brasileiro. Ficou,
porém, com a Prelazia de Santarém, o fato histórico de ter sido a primeira
fundação destas religiosas no Brasil.
NOTA: Texto
publicado no Livro do Centenário da Diocese de Santarém.
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