“A vida do homem é como um círio aceso.
Enquanto a cera e o pavio, que compõem o círio, ainda podem produzir lume,
temo-lo sempre luzente, em plena atividade no cumprimento de seu papel:
queimar-se para dar luz a quem dela precisa.
Assim é o homem; enquanto a vontade divina quer o
homem desempenhe a sua missão, aliás importante embora pouco compreendida, aqui
na terra, ele vive quer da maneira mais conveniente ao supremo Criador, quer
não, dependendo isso da criatura, pois Deus deu a vontade de livre pensar aqui;
mas, quando o Pai Eterno não mais permite um só minuto de vida, então pronto, o
homem vai baixar à terra para cumprir a sua sentença: és pó da terra e a isso
volverás um dia.
Como o círio, a chama da vida do homem deixou de
luzir e a sua incumbência de vivente já foi realizada bem ou mal.
José Agostinho da Fonseca, elemento notável que
soube se recomendar em nossa Santarém e que verdadeiramente se julgou feliz em
se tornar um santareno de coração, por o amor a esta terra talvez mesmo fosse
maior que à sua terra natal, Manaus, capital amazonense, foi um desses homens
que sabem porque e para o que vivem. Como musicista na mais elevada acepção do
termo, procurou sempre encantar qualquer auditório seleto com a dedicadeza e
harmonia notáveis das suas composições, tendo mesmo criado o mais perfeito
conjunto musical da cidade: Euterpe Jazz. Como simples homem, sempre procurou
ser amável, polido, educado, granjeando assim a imensa simpatia do povo de
Santarém, cuja prova visível foi o acompanhamento dos seus funerais no dia 12
corrente, pois o seu Passamento deu-se ao meio dia do dia 11.
E agora, permutando com infindas vantagens esta
vida terrena pela da pátria celeste, Sr. Agostinho, como era conhecido viverá
na nossa memória, porque a isso faz jus, enquanto que a sua distinta família,
uma família mariana, com os filhos Wilson, Wilmar, Wilde e Adayl pertencentes
ao exercito da fita azul, e D. Maria Anita a Contraria de N. S. do Perpetuo
Socorro, sentem a natural saudade de seu pranteado pai. Por esta nota, a
Congregação Mariana vem apresentar à família enlutada os seus sinceros pesares”.
Nota:
Publicado no jornal O Mariano de 25 de novembro de 1945.
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