quinta-feira, 10 de março de 2016

O Adeus ao Professor Jose Agostinho da Fonseca – 1945


A vida do homem é como um círio aceso. Enquanto a cera e o pavio, que compõem o círio, ainda podem produzir lume, temo-lo sempre luzente, em plena atividade no cumprimento de seu papel: queimar-se para dar luz a quem dela precisa.
Assim é o homem; enquanto a vontade divina quer o homem desempenhe a sua missão, aliás importante embora pouco compreendida, aqui na terra, ele vive quer da maneira mais conveniente ao supremo Criador, quer não, dependendo isso da criatura, pois Deus deu a vontade de livre pensar aqui; mas, quando o Pai Eterno não mais permite um só minuto de vida, então pronto, o homem vai baixar à terra para cumprir a sua sentença: és pó da terra e a isso volverás um dia.

Como o círio, a chama da vida do homem deixou de luzir e a sua incumbência de vivente já foi realizada bem ou mal.
José Agostinho da Fonseca, elemento notável que soube se recomendar em nossa Santarém e que verdadeiramente se julgou feliz em se tornar um santareno de coração, por o amor a esta terra talvez mesmo fosse maior que à sua terra natal, Manaus, capital amazonense, foi um desses homens que sabem porque e para o que vivem. Como musicista na mais elevada acepção do termo, procurou sempre encantar qualquer auditório seleto com a dedicadeza e harmonia notáveis das suas composições, tendo mesmo criado o mais perfeito conjunto musical da cidade: Euterpe Jazz. Como simples homem, sempre procurou ser amável, polido, educado, granjeando assim a imensa simpatia do povo de Santarém, cuja prova visível foi o acompanhamento dos seus funerais no dia 12 corrente, pois o seu Passamento deu-se ao meio dia do dia 11.
E agora, permutando com infindas vantagens esta vida terrena pela da pátria celeste, Sr. Agostinho, como era conhecido viverá na nossa memória, porque a isso faz jus, enquanto que a sua distinta família, uma família mariana, com os filhos Wilson, Wilmar, Wilde e Adayl pertencentes ao exercito da fita azul, e D. Maria Anita a Contraria de N. S. do Perpetuo Socorro, sentem a natural saudade de seu pranteado pai. Por esta nota, a Congregação Mariana vem apresentar à família enlutada os seus sinceros pesares”.


Nota: Publicado no jornal O Mariano de 25 de novembro de 1945.

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