quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Avança a conquista da Amazônia – 1972

 “O Presidente da República aprovou a distribuição de 840 milhões de cruzeiros, no decorrer do ano de 1972, aos diversos programas oficiais associados à conquista da Amazônia, de acordo com a proposta formulada em exposição conjunta dos Ministros do Planejamento, da Fazenda e do Interior. Como tem sido amplamente divulgado, nos termos do primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento, o que a ação governamental tem em vista é a integração das estratégias para o Nordeste e a Amazônia, objetivando a criação de dois novos grandes polos de desenvolvimento para o país naquelas regiões, tirando proveito de sua dimensão continental. Através da construção das Rodovias Transamazônica e da Cuiabá-Santarém será alcançada a integração física da Amazônia com o Nordeste, com o Planalto Central e com o Centro-Sul do País. Além disso, será alcançada a sua integração com o sistema rodoviário interamericano e a integração das bacias dos afluentes da margem direita do rio Amazonas. Também será possível utilizar essa rede pioneira como instrumento de uma estratégia de ocupação econômica e de desenvolvimento para a Amazônia, através da expansão da fronteira agropecuária, assim como da execução de projetos prioritários de exploração mineral e transformação de riquezas naturais da região. Finalmente, o fortalecimento da infraestrutura agrícola do Nordeste tornará viável a criação das bases para uma agricultura de mercado, principalmente com vistas à execução de programas de irrigação e colonização.

A distribuição autorizada pelo Presidente Médici de verbas no valor de 840 milhões de cruzeiros, permitirá programar os seguintes objetivos:


- Entrega oficial ao tráfego da primeira etapa da Transamazônica (Estreito-Itaituba), com 1.245 km, em setembro de 1972;
- Conclusão da terraplenagem da segunda etapa da Transamazônica (Itaituba-Humaitá), em dezembro de 1972;
- Continuação dos trabalhos da Cuiabá-Santarém, para conclusão em fins de 1973;
- Pavimentação da Belém-Brasília, para conclusão em 1973:
- Prosseguimento da Rodovia-Manaus-Porto Velho, para conclusão em 1973; ligação de Manaus com a fronteirada Venezuela (término em 1974); ligação de Humaitá com a fronteira do Peru (término em 1974);
- Pavimentação da Belém-São Luís (término em 1973);
- Construção, no Nordeste ligações constantes da diretriz da Transamazônica até o litoral de Pernambuco e da Paraíba, ao longo de 1972 e 1973.

Também em 1972 terá início o programa de fortalecimento dos principais polos urbanos ao longo da Transamazônica e da Cuiabá-Santarém, com o objetivo de implantar imediatamente os seus planos diretores para dota-los de serviços urbanos básicos: calçamento, água, esgoto, luz e telefone; infraestrutura de educação, saúde e assistência; abastecimento de produtos básicos. A seleção preliminar compreende as cidades de Picos (Piauí), Imperatriz (Maranhão), Marabá, Altamira, Itaituba, Santarém (Pará) e Humaitá (Amazonas).

No que diz respeito ao programa de colonização deverá ser efetivado em 1972 o engajamento da iniciativa privada. A experiência obtida no ano de 1971, através da execução direta de tal programa pelo INCRA, permite realizar agora um esforço de descentralização das operações executivas, para multiplicação dos resultados. O engajamento do setor privado terá lugar mediante: 1) a contratação da elaboração de projetos de colonização oficial e 2) a execução de projetos por empresas particulares. A meta é a elaboração e execução de projetos para criação de 10 mil unidades agrícolas, com vistas à exploração familiar, sendo 2 mil a serem diretamente implementados e 8 mil através de empresas particulares, mediante contratação. A área entre Altamira e Itaituba será prioritária neste programa. Além do cultivo de produtos como feijão, soja, milho, e mandioca, será desenvolvida a cultura de produtos de ciclo médio e longo, com alta densidade econômica, como cana e seringueira.

No setor da saúde a implantação da Operação Osvaldo Cruz dará prioridade à preservação de endemias, notadamente a malária, com uso de unidades médico-sanitárias especializadas e realizará amplo trabalho de pesquisa sobre doenças da região. Para intensificação do esforço governamental na área será instituído, pelo Ministério da Saúde, a Secretaria Especial de Saúde na Amazônia.

Foram reservados recursos para a expansão do projeto RADAM, ampliando a sua área de cobertura para 3.300 mil quilômetros quadrados. Também o programa de comunicações será atendido de maneira a conferir maior eficiência ao sistema postal nas áreas adjacentes à Transamazônica e a permitir que a região se ligue com o resto do país pelo sistema de telecomunicações. Serão promovidos os trabalhos para o estabelecimento do Centro de Pesquisas sobre os Trópicos Úmidos”.


NOTA: Artigo originalmente publicado na revista Brasil Açucareiro Nº 79, de 1972.

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